Recentemente, entre 4 e
8 de Outubro, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal proporcionou aos seus
sócios e familiares, um excelente passeio por uma das mais maravilhosas zonas
da vizinha Espanha – os Picos da Europa.
Os Picos da Europa
erguem os seus lendários perfis no coração da Cordilheira Cantábrica, entre
terras leonesas, asturianas e cantábricas. Integram o conjunto montanhoso mais
espectacular da Península Ibérica e um dos mais privilegiados espaços naturais.
Nos seus profundos vales, apertados em torno de rios que correm apressadamente
para o mar, nas suas eriçadas cumeadas e na densa fisionomia dos seus bosques e
prados verdejantes, esconde-se tanta vida natural que os converte num lugar
único e com uma riqueza ecológica que é das maiores de toda a Espanha.
Mas o seu único ponto
de interesse não é apenas a força da própria natureza, já que a riqueza destas
montanhas não seria a mesma sem a presença do homem, um dos seus povoadores
mais ancestrais. Desde a pré-história que os seres humanos souberam adaptar a
sua forma de vida e amoldaram o seu carácter em harmonia com a aspereza e as
peculiaridades destas montanhas, escrevendo assim as páginas duma densa
história, indissociável deste ambiente tão impressionante.
As pradarias das
montanhas constituem o alimento dos seus gados – ovelhas, vacas, cabras – dos
quais obtêm a carne, o leite e os diversos queijos de produção local. Entre os
gigantes calcários, ao abrigo dos vales e nas zonas mais planas, o homem estabeleceu,
desde épocas muito antigas, pequenos núcleos rurais que conservam a sua
impressionante beleza e um estilo de vida artesanal, em equilíbrio vital com o
ambiente circundante.
Como testemunhos dos
primitivos povoadores, perduram os restos pré-históricos, em cavernas e grutas
naturais abertas, por milénios de actividade erosiva, nos seus rochedos
calcários. A dominação destes povos montanheses pelo Império Romano, acrescida
pelas dificuldades naturais de um território tão adusto, fizera que a conquista
tivesse que afrontar numerosos obstáculos. Os cântabros foram os que ofereceram
uma maior e mais valente resistência a tal colonização, tendo-se enfrentado
abertamente, protegidos pelas defesas naturais que as montanhas ofereciam.
Os muçulmanos não manifestaram
grande interesse por estas terras desconhecidas e de difícil conquista. Quando
tentaram apoderar-se delas, a resistência veio dos territórios asturianos, sob
a chefia de Pelágio, cujo impulso guerreiro alimentou a reconquista peninsular.
Não foi sem razão que
os navegadores medievais chamaram de “Picos da Europa” a estas montanhas, já
que as mesmas constituíam uma clara referência geográfica, por serem o primeiro
perfil do Velho Continente, que se divisava do mar alto. Sob o ponto de vista
geológico, a sua abrupta orografia calcária é jovem, porque as forças
terrestres ergueram esta muralha rochosa há 300 milhões de anos, a partir do
fundo de um antigo mar.
Os perfis montanhosos
oferecem grandes desníveis orográficos, e estendem-se paralelamente à costa
cantábrica, da qual apenas os separam 25 quilómetros.
Os gelos glaciares,
especialmente do período Quaternário, configuraram livremente as gargantas e os
vales, deixando uma profunda evidência nas paisagens.
Os rios Sella, Deva,
Cares e o seu afluente Duje configuram e atravessam o maciço montanhoso. São
rios de cursos tão tumultuosos como abundantes em trutas, e dirigem-se
velozmente para o Mar Cantábrico. O Deva abraça o maciço pelo lado Este, a
partir já da sua nascente, em Fuente Dé. Para chegar até ao oceano, rasga as
montanhas e dá origem ao vertiginoso desfiladeiro de La Hermida, que Benito
Pérez Galdis denominou o “esófago de Espanha”. O rio Cares é o mais famoso dos
cursos fluviais e atravessa este território de Sul para Norte, a partir da nascente,
no vale leonês de Valdéon. Com as pancadas das suas águas de cor esmeralda
esculpiu a “Garganta do Cares”, o “canyon” calcário mais impressionante da
Península. E também por entre fortes quebradas da paisagem, como são o
desfiladeiro de Beyos, corre o Sella. Todos estes rios recebem os caudais de
inúmeros afluentes e arroios, copiosamente alimentados pelas neves dos cumes e
pelas chuvas atlânticas. É uma rede fluvial dinâmica, que perfila três maciços:
o Ocidental ou “El Cornión”, o Central ou de “Los Urrieles” e o Oriental, ou
“Andara”.
À geografia
característica destes territórios, deste modo perfilada, agrega-se a grande
diferença de altitudes, superior a 2000 metros, e que favorece a ampla
diversidade da flora e da fauna. E assim, nos ásperos cumes, que são um reino
das rochas, do vento e do frio intenso, apenas cresce uma mata escassa e
rasteira. As camurças saltam pelas pedreiras e no ar voam as águias-reais, e os
abutres leonados. Ao baixar pelas encostas encontra-se uma valiosa comunidade
de espécies arbóreas, na qual predominam os fetos, os zimbros e as giestas.
Nestas zonas, chamadas “altos” (“puertos”), o homem encontrou sempre, desde uma
época imemorial, o lugar idóneo para estabelecer frescas pastagens, que são o
alimento estival dos seus gados.
Entre a paisagem aberta
distingue-se a discreta beleza do pássaro codornizão dos rios alpinos; faz-se
escutar o canto melódico da cotovia, ou ressoa o grito das cornejas. À medida
que as montanhas se convertem em vales, os bosques de vidoeiros, de carvalhos,
de faias e os bosques mistos de castanheiros, vidoeiros, tílias, aveleiras,
azinheiras, freixos e aceráceas vão criando uma espessura vegetal, na qual de
refugia uma fauna típica e característica da geografia ibérica, como o urso
pardo ibérico, o lobo e o “urogallo”. Entre os bosques desenvolvem a sua
existência os veados, as corças, os gatos monteses, as raposas e os javalis, ao
passo que os arminhos, as martas e os arganazes procuram os lugares mais
frescos, entre muitos outros mamíferos típicos da fauna mais representativa da
Cordilheira Cantábrica.
A protecção destas
montanhas teve o seu início em 1918, quando o rei Afonso XIII classificou o
primeiro parque nacional espanhol, ao qual chamou “Parque da Montanha de
Covadonga”, que, deste modo, se converteu num dos espaços naturais protegidos
pioneiros em todo o mundo. Em 1955 a sua zona protegida foi ampliada, atingindo
os actuais 64.660 hectares – 24.719 em Léon, 15.381 em Cantábria e 24.560 em
Astúrias – e denominando-se agora “Parque Nacional dos Picos da Europa”.
Fotos
de Francisco Silva e A. Domingos Santos
Texto
de apoio - Turespaña
1 comentário:
Parabéns pelo destino que escolheram para o passeio da União: Os Picos da Europa. Espero que tenham usufruído daquilo que todo o Parque nos proporciona: a força da montanha com uma Natureza fabulosa e de beleza ímpar e já rara.
Este evocação fez-nos lembrar algumas das nossas caminhadas por locais que ainda consideramos divinos, como:
- Cain e a "divina" Garganta de Cares até Poncebos;
- Fuente Dé com o teleférico e a subida (com neve) até à Cabana Verónica:
- Covadonga e os seus lagos;
- Sortes e a subida ao Naranjo de Bulnes.
- Cangas de Onis, a sua História e riqueza monumental.
Enfim, belas e inesquecíveis memórias e recordações, não esquecendo a cidra e a gastronomia Asturiana !!!.
Mais uma vez Parabéns. Foi bom relembrar e espero que todos tenham podido usufruir do momento para mais tarde também o recordarem.
Um abraço.
A. Magalhães Pinto
Senhora da Hora/Matosinhos
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