Estava
à janela desde cedo, fruindo do sol quente da manhã e das gulodices frescas que
os pais lhe traziam, em entregas frequentes e a grande velocidade, voando
quilómetros por dia.
Quando
me aproximei devagarinho, escondeu-se para logo reaparecer, espreitando para um
lado e para o outro, para cima e para baixo, na expetativa de mais um petisco!
Mal
pressentia a aproximação do progenitor, abria o bico e esticava-se na sua direção,
revelando uma misteriosa capacidade de antecipação.
Quando
já me doíam um braço por causa da posição e a consciência por causa do atentado
à privacidade das poupas que estava a cometer, apareceu à janela, do lado
direito, mais uma cabecita de crista deitada e bico ainda achatado. Era um
poupinho mais pequeno e enfezado, o que não é de estranhar, considerando a
voracidade do mano!
O
ano passado, o casal só teve uma cria. Apesar da crise que também afeta as aves
e muito, este casal de poupas está a aumentar a natalidade! Corajosas! Digo que
é o mesmo casal, porque usou exatamente o mesmo espaço para nidificar. As
poupas, como outras espécies ou elementos das mesmas, ainda casam e arranjam
casa para a vida!
A
presença da observadora a escassos metros não perturbava, nem impedia as
entregas. Apenas parecia provocar nos adultos aquele som cavo e fanhoso que as
poupas por vezes emitem, em alternância com o poop, poop habitual. As crias encolhiam-se, receosas, mas mostravam-se logo, curiosas.
Simplesmente
fascinantes: as poupas e as crianças e pais que lembram.
Lisete de Matos
Açor,
Colmeal, 26 de Junho de 2012.
1 comentário:
Para ti Lisete, um Respeitoso Abrac,o de Agradecimento pela tua incansa'vel e constante luta, na divulgac,ao da beleza natural da nossa aldeia...!!!
Armando J. de Almeida
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