11 julho 2010

A História do macaco

O macaco que do rabo fez viola
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Este envelope de 1º dia de circulação fez com que a memória fosse desencantar “O macaco que do rabo fez viola”, que a minha mãe e a mãe dela me contavam nos meus tempos de meninice. Recordo também o “Ti” António Nunes dos Reis, um contador nato que prendia a nossa atenção com o seu reportório infindável de histórias, lengalengas e adivinhas e que se perderam quando partiu. Era uma vez um macaco que tinha um rabo muito grande e estava tão farto do seu rabo que foi a um barbeiro e pediu-lhe que lho cortasse. O barbeiro cortou-lhe a cauda e o macaco saiu de lá todo contente. Mas ao ir para casa passou por umas crianças que o começaram a gozar "Olha o macaco sem rabo! Olha o macaco sem rabo!" e a rirem-se muito. Todos os dias era o mesmo, até que o macaco se fartou e voltou ao barbeiro para pedir a cauda de volta – "A tua cauda não ta posso dar que já não a tenho" disse o barbeiro. Ao que o macaco respondeu "Ah não tens a cauda?! Então levo-te a navalha!". Entretanto ao andar na rua, passou por uma mulher que vendia peixe e perguntou-lhe se ela não queria a navalha para arranjar o peixe. Ela aceitou, o macaco deu-lhe a navalha e foi-se embora. Mas pouco depois arrependeu-se e voltou atrás a pedir a navalha de volta – "A tua navalha não ta posso dar que se partiu" disse a mulher. Ao que o macaco respondeu "Ah não tens a navalha?! Então levo-te um cesto de sardinhas!". O macaco andou, andou, andou até que chegou a um moinho. Viu um moleiro a comer pão seco e perguntou-lhe "Senhor moleiro, não quer estas sardinhas para comer com o seu pão?". O moleiro aceitou e o macaco foi-se embora. Mas pouco depois arrependeu-se e voltou atrás a pedir as sardinhas de volta – "As tuas sardinhas não tas posso dar que já as comi" disse o moleiro. Ao que o macaco respondeu "Ah não tens as sardinhas?! Então levo-te um saco de farinha!". Foi-se embora com a farinha, e ao passar num colégio de freiras perguntou a uma Irmã "Oh Irmã, não quer esta farinha para fazer bolinhos para as suas meninas?". A freira aceitou e o macaco foi-se embora. Mas o macaco estava com tanta fome que se voltou a arrepender e voltou ao colégio para pedir a farinha de volta – "A tua farinha não ta posso dar que fiz bolinhos para as minhas meninas" disse a Irmã. Ao que o macaco respondeu "Ah não tens a farinha?! Então levo-te uma menina!". Pegou na menina e foi-se embora. Mas ao passar numa esquina viu um ceguinho a tocar viola e perguntou-lhe "O senhor não quer esta menina para lhe fazer companhia e o ajudar a andar na rua?". O ceguinho disse que sim e o macaco foi-se embora. O Macaco andou, andou, andou, mas sentiu-se tão sozinho que quis a companhia da menina de volta, e voltou atrás – "A tua menina já não ta posso dar que voltou para o colégio" disse o ceguinho. Ao que o macaco respondeu "Ah não tens a menina?! Então levo-te a viola!". Pegou na viola e foi-se pôr num telhado duma casa a tocar e a cantar. E cantava: "De meu rabo fiz navalha, de navalha fiz sardinha, de sardinha fiz farinha, de farinha fiz menina, de menina fiz viola, tum tum tum e vou p'rá Angola!" A. Domingos Santos

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