O Carvalhal, uma das aldeias da nossa freguesia e com a maior população e grande colónia na capital, já em tempos idos, teve a sua colectividade regionalista que infelizmente se extinguiu.
Foi com verdadeiro carinho que entre os seus naturais começou a constar e afirmar-se ir surgir nova agremiação. Tal acontecimento parece-nos digno de nota e de relevo. No intuito de algo podermos dizer aos nossos leitores, em especial aos do Carvalhal, procuramos o Sr. Manuel Martins Barata, um dos iniciadores do movimento, que amavelmente se colocou à nossa disposição.
Manuel Barata é um jovem dinâmico e activo, sempre interessado em tudo que diga respeito ao prestígio e progresso do Carvalhal e da nossa freguesia. Comerciante no ramo de representações, tem sempre um pouco de tempo livre para se dedicar aos assuntos regionalistas. Daqui a amizade e relações de simpatia que desfruta entre a colónia da nossa freguesia.
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À nossa primeira pergunta, de como tinha surgido a ideia da nova colectividade e qual o seu título, Manuel Barata responde:
- A ideia já vem de longe, mas este movimento só tomou vulto quando da nossa festa pelo S. João. A rapaziada, em alegre convívio, deliberou levar essa ideia avante, dando disso conhecimento verbal a todos os nossos conterrâneos de forma a conseguir-se o desejado e imprescindível apoio.
- E esse apoio tem existido?
- Sim, até talvez em maior escala do que o esperado. Estamos crentes que de princípio conseguiremos um número de sócios da ordem dos cem – o que, para iniciar, seria óptimo. Sobre o título a adoptar será talvez: União e Progresso do Carvalhal.
- Qual a direcção prevista para a nova agremiação?
- Salvo motivo imprevisto será composta pelos seguintes senhores: Manuel Almeida Santos, Álvaro Marques, Manuel Fernandes, João Martins, Fernando de Almeida, Agostinho de Almeida, Carlos dos Santos e Manuel Lopes, respectivamente, presidente, secretário, tesoureiro e vogais e possivelmente eu como vice-presidente.
- Depois de fundada e logo que haja possibilidades financeiras, existe algum empreendimento em perspectiva?
- Eles são vários: em especial o calcetamento das ruas, mais um fontanário, reparar o lavadouro e inclusivamente o Largo da Eira ao qual se pensa dar o nome do seu iniciador, António Marques de Almeida.
- Não será prejudicial a criação de mais uma agremiação visto poder resultar um desmembramento de associados das já existentes?
- Estou certo que não, até porque os naturais do Carvalhal muito consideram a União Progressiva a quem muito devem. A direcção a ser eleita tudo fará para que os interesses da colectividade mãe não sejam afectados.
Com um aperto de mão nos despedimos e aqui fica expresso o desejo de felicidades, esperando que os naturais do Carvalhal não faltem a esta chamada de colaboração e apoio à futura União e Progresso.
in Boletim “O Colmeal”, Ano VI, N.º 65, Janeiro de 1966
E foi assim que há quase quarenta e três anos, Fernando Costa entrevistava o também jovem Manuel Martins Barata.
Repare-se na sua simplicidade e humildade, aqui bem patentes, nas suas respostas.
A sua preocupação em relação à colectividade mãe da freguesia, a mais antiga, a União, para que não fosse beliscada com o aparecimento da sua União e Progresso.
E também o entusiasmo visível e que sempre lhe conhecemos ao longo dos anos, em que trilhámos os caminhos nem sempre fáceis do regionalismo.
Vivia os problemas do Carvalhal como ninguém. O seu esforço, tenacidade e empenho podem ainda hoje ser comprovados nas melhorias que encontramos quando percorremos as ruas da sua aldeia, a aldeia para onde voltou para sempre, cedo demais, com apenas setenta e cinco anos. O seu nome ficará para sempre ligado ao abastecimento de água, electrificação, calcetamento das ruas, construção do cemitério, entre outras coisas.
Como em tudo na vida e em qualquer lugar isso acontece, nem sempre Manuel Martins Barata foi bem compreendido ao longo dos vinte e oito anos em que esforçadamente dirigiu a União e Progresso do Carvalhal.
Acontece aos melhores e Martins Barata está e estará sempre entre os melhores.
Na União Progressiva da Freguesia do Colmeal desempenhou durante cerca de trinta anos vários cargos na Direcção, Conselho Fiscal e na Comissão Regional.
Estando a comemorar-se os 80 Anos do Regionalismo no Concelho de Góis, confiamos que a União e Progresso do Carvalhal saberá dizer presente e, conjuntamente com as restantes colectividades da freguesia do Colmeal, ajudará a mostrar e a dignificar o trabalho que foi feito ao longo dos anos nas nossas aldeias e pelas nossas gentes.
A. Domingos Santos
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