02 agosto 2008

Soito – xisto atrai pessoas

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Para quem não conhece a aldeia do Soito (Colmeal), situa-se a meia encosta, no caminho entre Colmeal e Fajão, a cerca de 500 metros do Rio Ceira.

O Soito, que na primeira metade do século passado contava com mais de 200 pessoas, foi uma das aldeias onde a desertificação mais cedo se fez sentir, o que associado à sua destruição parcial pelo incêndio de há 15 anos e à inactividade da respectiva Comissão de Melhoramentos durante quase 2 décadas, fez perder a esperança a muitos dos seus conterrâneos e descendentes, com o abandono definitivo de muitas das casas.

Contrariando aquela tendência, o renascimento do associativismo local em 1999, associado è persistência de algumas pessoas interessadas a mudar o rumo dos acontecimentos, conduziu a um processo de transformação sem precedentes, que fez renascer a esperança na aldeia e no seu futuro, pese embora o número reduzido de residentes permanentes.

Este processo, que ao nível colectivo, foi levado a cabo pelo esforço financeiro de todos os amigos do Soito, com algumas ajudas externas a que todas as associações congéneres tem acesso e com algum apoio local especialmente da Câmara Municipal de Góis e ADIBER, permitiu dotar a aldeia de um conjunto de equipamentos essenciais que a tornam mais atractiva, não só aos que ali residem, mas também a todos que a visitam, com maior ou menor frequência.

De entre os equipamentos colectivos construídos é de salientar;

A construção da Casa de Convívio e Espaço museológico, bem como a área adjacente que inclui um largo para festas, forno colectivo e churrasqueira;

A rede de protecção contra incêndios florestais com cobertura total da aldeia e que inclui saídas de água para bombeiros e mangueiras com agulhetas para autodefesa, sendo ainda de salientar a manutenção anual de um perímetro de segurança junto da aldeia;

A adaptação do tanque local a piscina natural;

A recuperação e embelezamento e manutenção de outros espaços (p.e. fonte velha, entradas da aldeia);

Recuperação da capela de São Pedro.

Ainda do ponto de vista colectivo, o Soito pensa concretizar no decorrer de 2008, duas importantes realizações: a recuperação da antiga “eira” à entrada da aldeia e a integração no património colectivo da aldeia, de um moinho movido a água existente no seu interior, que assim complementará o espaço museológico já existente. De salientar que este moinho, para além da sua importância em termos turísticos, poderá ser utilizado para fazer farinha, por quem pretender.

A par do já referido esforço colectivo, a reconstrução tradicional em xisto, passou a ser uma preocupação permanente para quem tem construído no Soito, o que se traduz num número assinalável de casas já reconstruídas com este material, ao ponto da aldeia ser já considerada uma espécie de aldeia de xisto, mas até agora sem quaisquer subsídios.

Face a este movimento e a uma atempada abertura ao mercado, ao nível imobiliário, que, de certa forma veio fazer face ao abandono da aldeia por parte de algumas das famílias dali originárias, o Soito tornou-se uma aldeia atractiva, quer para portugueses que ali não têm as sua raízes, quer para cidadãos de outros estados membros da União Europeia, sendo que esta procura se faz sentir ao nível de casas para reconstruir (também em xisto), de casas já reconstruídas e mesmo de casas para alugar.

Assim e apesar do número reduzido de habitantes permanentes, o Soito tem hoje uma população flutuante muito interessante e, face à impossibilidade de voltar a ter o número de habitantes que já revê no passado, esta poderá ser uma boa forma de garantir o futuro da aldeia e de muitas outras que na região existem em situação idêntica.

Neste contexto, entendemos que a possibilidade de novos investimentos públicos no sentido de valorizar as aldeias serranas do Concelho de Góis, evitando a sua desertificação total, deve ter como prioridade, não a política da subsídio-dependência para quem pouco ou nada fez e espera que os poderes públicos façam tudo, devendo, pelo contrário, constituir uma forma de reconhecer as boas práticas, o trabalho já realizado e a capacidade de realização, mobilizando os factores endógenos existentes em relação a um futuro melhor.

António Duarte
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Foto de Francisco Silva

6 comentários:

Anónimo disse...

Foi com alegria, que encontrei esta página na internet sobre a aldeia do Soito, terra natal do meu pai. Vejo que há pessoas,que estão preocupadas e a melhorar este cantinho tão bonito, espero brevemente voltar para poder ver com os meus olhos estas alterações.


MARIA DA LUZ DIAS

Anónimo disse...

Enquanto autor deste pequeno texto sobre o Soito agradeço o comentário da Maria da Luz Dias, uma pessoa oriunda do Soito, que infelizmente penso não conhecer.
Apareça no Soito quando quiser pois será sempre bem vinda, mas se puder apareça entre a última semana de Agosto e a primeira de Setembro, período em que estarei de férias no Soito.

António Duarte

Anónimo disse...

Obrigada pelo convite e pela resposta. Brevemente espero conhecê-lo e voltar ao Soito. A minha avò paterna era natural do Soito: Maria da Luz,o meu pai chama-se Bartolomeu Dias e os meus padrinhos e tios: Fernando e Ilda Marques.

Maria Da Luz Dias

Anónimo disse...

Realmente uma grande terra... também eu sou oriundo do Soito. A minha avó paterna nasceu nesta pequena/grande aldeia. Os meus tios ainda lá moram... A minha avó é a Gracinda do Carmo Henriques, irmã da minha tia Anunciação casada com o meu tio José... A minha avó conta hoje 92 anos... Pessoas que conhece bem... Já tive o prazer de conhecer o Sr. Duarte pessoalmente e costumo ir ao Soito regularmente... Desejo-lhe tudo de bom e força para continuar o desenvolvimento do Soito... Em breve nos veremos... Eu e um casal amigo estamos a pensar alugar uma casa no Soito para passarmos lá a Passagem de Ano, por isso... Pode ser que nos cruzemos por lá!
Grande abraço

Márcio Henriques

Anónimo disse...

Bom dia Márcio e obrigado pelas tuas palavras àcerca do Soito.
Vou estar no Soito entre 24 e 29/12, no ano novo provavelmente não vou estar, mas desejovos uma boa estadia no Soito e voltem sempre.
Se ainda não resevaste a casa é bom contactares a Cristiane 936116637.

António Duarte

megam@netcabo.pt disse...

também eu sou oriunda dessa linda aldeia, os meus avós eram dai e o meu pai também ai nasceu, o meu nome é Elisabete Marques, filha do António e neta da Laurentina Nunes Duarte e do Urbano Nunes Marques, um dos fundadores da Comissão de Melhoramentos do Soito, que saudades que deixaram os meus avós naquelas terras, e que tristeza me invade quando corro aquela terra e a encontro deserta... Elisabete