O segundo dia deste
nosso fim-de-semana foi dedicado a Elvas.
Pela sua histórica
posição estratégica, Elvas foi a primeira cidade fronteiriça a tornar-se
fortificada permanentemente após a Restauração da Independência. Entre 1645 e
1653, construiu-se, a partir do método holandês, uma nova fortaleza sobre as
que a antecederam. Composta por sete baluartes e quatro meios-baluartes, a
estrutura final, com os Fortes de Santa Luzia e Nossa Senhora da Graça, é considerada
uma das maiores e mais bem conservadas fortificações abaluartadas do mundo,
totalizando um perímetro superior a dez quilómetros. Testemunho da sua
importância é também o riquíssimo património religioso que hoje pode ser
visitado.
A Igreja de Nossa
Senhora da Nazaré, é uma pequena igreja, mas de uma beleza singular localizada
junto à principal entrada do centro histórico da cidade de Elvas, no Viaduto
Municipal. É uma construção de 1592. Na altura chamada de ermida do Santo
Calvário. Pela altura das invasões francesas a igreja foi demolida juntamente
com a de São Sebastião para não servir de guarida a estes. Foi reconstruída em
1817.
O Aqueduto da Amoreira
é o ex-líbris da cidade. Quase oito quilómetros de extensão, desde a nascente
até à Fonte da Misericórdia no centro da cidade. É um dos mais importantes
exemplos da arquitectura hidráulica do país. A sua construção começou em 1537,
mas face a diversos problemas surgidos, entre os quais os financeiros, só viria
a terminar em 1622. A sua face mais imponente toma a forma de arcadas que
chegam a atingir 31 metros de altura. Classificado como Monumento Nacional
desde 1910 e como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO desde 2012.
A Igreja de Nossa
Senhora da Assunção, antiga Sé, a mando do rei D. Manuel I, começou a ser
construída no ano de 1517, segundo o traço de Francisco de Arruda, arquitecto
régio, que trabalhava ao mesmo tempo no Aqueduto. A sua mestria fez com que
fosse possível a construção de um majestoso edifício com uma torre como fachada.
Em 1570, quando da criação do Bispado de Elvas, a igreja passou a ser Sé
Catedral, título que manteve até 1881. O seu interior é marcado pelo estilo
manuelino dos tectos e portas laterais e pelo barroco dos seus altares e do
grande órgão.
O Museu de Arte
Contemporânea (MACE) foi inaugurado em Julho de 2007, tendo sido instalado no
antigo Hospital da Misericórdia de Elvas, notável construção tardo-barroca dos
meados do século XVIII.
A adaptação museológica
do edifício veio permitir elevar a oferta cultural da cidade e alberga em
depósito a colecção António Cachola, privada, exclusivamente de obras de
artistas nacionais, desde a década de 1980 até à actualidade.
O almoço permitiu-nos
mais uma vez apreciar a excelente e variada gastronomia local, com destaque
para os espargos bravos e a famosa sericaia com ameixa de Elvas.
O Museu Militar de
Elvas funciona nas instalações do antigo Regimento de Infantaria 8, que
encerrou como aquartelamento militar em 2008.
É um dos maiores museus
do País, onde se pode ver, para além da monumentalidade das fortificações, dos
Quartéis do Casarão, do claustro do Convento de São Domingos e da Fonte de São
José, todo um conjunto de elementos de indiscutível interesse.
Este núcleo museológico
tem parte substancial da muralha e fortificações visitáveis, com painéis
explicativos, e tem aberto ao público as seguintes temáticas: História do
Serviço de Saúde do Exército, salas dedicadas à ortopedia, oftalmologia e
cirurgia, salas de veterinária e de farmácia; Arreios Militares do Exército,
com salas dedicadas ao cavalo, arreios de infantaria, de cavalaria e de
artilharia, sala de Intendência; Hipomóveis, com salas dedicadas ao armamento rebocado
por animais, na sua quase totalidade, de artilharia.
Todas estas salas são
antigas dependências das unidades militares que passaram por Elvas, adaptadas
agora a esta finalidade, muitas delas em edifícios também eles históricos e que
se procurou, dentro do possível, recuperar na sua traça original.
Tem ainda algum
armamento pesado – artilharia – exposto ao ar livre, com algumas peças
consideradas raras ou então, como no caso do obus de fabrico japonês, sobre o
qual ainda é um mistério a sua chegada a Portugal.
A Fonte de São José, construída
totalmente em mármore, ao jeito neoclássico, é constituída por dois tanques
opostos e de uma grande beleza. É obra do engenheiro militar Valleré que se
deslocou a Elvas para construir o Forte de Nossa Senhora. da Graça. Colocada em
frente aos antigos Quartéis do Casarão, para matar a sede aos militares e aos
animais, está hoje dentro do espaço do Museu Militar de Elvas.
O Forte de Nossa
Senhora da Graça, situado num dos pontos mais altos da região, foi construído
entre 1763 e 1792, para defender a entrada norte. Esta obra-prima da
arquitectura militar, vem marcar o fim do sistema defensivo, ordenado por D.
José I e planeado pelo estratega militar Conde de Lippe. O forte dispõe de
quatro baluartes e apresenta soluções originais em três linhas de defesa que
levaram à sua resistência contra os ataques espanhóis durante a Guerra das
Laranjas e ao bombardeamento das tropas francesas na Guerra Peninsular.
Com o regresso a Lisboa
terminou este fim-de-semana UNIKo. Excelente programa, que procurou integrar
todos os pontos e aspectos de maior interesse, não esquecendo a oportunidade
que tivemos para apreciar a gastronomia alentejana, tão rica e variada.
Um guia de elevado
profissionalismo, conhecedor profundo da matéria nos domínios militar,
religioso, cultural e histórico, conseguindo transmitir os seus conhecimentos e
captar sem esforço, a atenção dos participantes.
A UPFC está de parabéns
pelo êxito da iniciativa, só possível pelo maravilhoso grupo que nos
acompanhou.
UPFC
Fotos
de A. Domingos Santos
Apoio
Turismo do Alentejo - ERT
5 comentários:
Parabéns à UPFC por mais uma iniciativa de indole cultural, realizada com sucesso.
Excelente reportagem.
Continuação de bons convívios, com a Amizade e a Cultura em excelente camaradagem.
Abraço
Aurora Braz
Uma reportagem muito elucidativa de uma visita, pelo que vejo, repleta de oportunidades de enriquecimento e sabedoria, qualidade em que o povo alentejano é muito rico. Nem esquece a sericaia ou sericá, essa maravilha e monumento da doçaria conventual! Para além de deliciosa, não fica linda apresentada num daqueles pratos inspirados nos "ratinhos”, loiça popular de Coimbra, que os beirões por lá foram deixando, no tempo das migrações sazonais? Obrigada pela partilha. Abraço.
Lisete de Matos
Como já tinha dito na 1ª primeira parte desta visita a Campo Maior e a Elvas, que foi um excelente passeio para dar a conhecer aquelas duas cidades, cheias de monumentos históricos e de fortalezas que outrora contribuíram para a defesa de Portugal. A gastronomia excelente e o convívio formidável.
Ao rever estas fotos reparo que um dos nossos companheiros de viagem já não está entre nós, faleceu no fatídico incêndio de Pedrogão Grande. Que descanse em Paz. Os sentidos pesamos à família.
Informo que por lapso, não escrevi o meu nome no 3º Comentário.
Manuel Lemos
Associado
Nesta viagem, fiquei a saber que Elvas é um livro fabuloso do qual eu só conhecia a capa. Gostei muito de conhecer Campo Maior que superou as minhas expectativas. Foi uma viagem fantástica. Obrigada a todos
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