E o
inevitável aconteceu. O último dos quatro dias chegou e com muita pena de
todos.
Mas,
mesmo assim, a boa disposição manteve-se firme. Seguimos pela Rampa da Falperra
e lá no alto, desfrutando de um enquadramento maravilhoso, preparámo-nos para a
primeira visita – o Bom Jesus.
O
Santuário do Bom Jesus de Braga, como o nome indica, é dedicado ao Senhor Bom
Jesus e a primitiva ocupação deste sítio remonta ao início do século XIV,
quando alguém terá erguido uma cruz no alto do monte. Foram erguidas ermidas e
capelas ao longo dos tempos mas só a partir de 1722 é que se concebeu e iniciou
um grande projecto que desembocaria no actual Santuário.
Os
escadórios vencem um desnível de 116 metros e estão divididos em três lanços. É
acedido pelo Pórtico do Bom Jesus, um arco no início da escadaria, onde se
encontra o brasão com as armas do responsável pela sua construção, em 1723.
Neste
lanço inicial encontram-se as primeiras capelas da Via Sacra do Bom Jesus,
erguidas no mesmo período. Neste trecho do escadório desenvolvem-se cinco
lances de escada, intervalados por patamares com fontes alegóricas aos cinco
sentidos, pela seguinte ordem: “Visão”, “Audição”, “Olfacto”, “Paladar” e “
“Tacto”.
A subida fez-se depois pelo elevador do Bom Jesus que liga a parte alta da cidade ao Santuário, vencendo um desnível de mais de cem metros de altura, num percurso paralelo ao dos Escadórios, terminando, na parte mais alta, junto à estátua equestre de São Longuinho. Sendo o primeiro funicular construído na Península Ibérica, é actualmente o mais antigo em serviço no mundo a utilizar o sistema de contrapeso de água. Em 23 de Maio de 2013 foi classificado como Monumento de Interesse Público.
Nas imediações do Santuário o espaço apresenta-se acolhedor, bonito, ajardinado, com vários canteiros floridos, árvores, fontes, bancos e um miradouro a proporcionar uma bonita vista panorâmica. Destaque para umas pequenas grutas rodeadas de flores e vegetação, de grande beleza natural. Depois de umas compras na Casa das Estampas ninguém teve coragem de se pesar na velha balança não fosse esta revelar alguns excessos da gastronomia minhota. Houve ainda tempo para um café e pastel de nata e também para alguns momentos de conversa. Grupos de motards, ciclistas e várias excursões que chegavam iam dando colorido e animação ao recinto.
Voltamos
a Braga, uma das nossas mais antigas cidades e uma das cidades cristãs mais
antigas do mundo. Foi edificada no tempo dos romanos durante o séc. II a.C. e
em homenagem ao imperador César Augusto designaram-na de Bracara Augusta, que
mais tarde, após a conquista do império romano, se tornou a capital intelectual
e política do reino dos Suevos, que abarcava a Galiza e se prolongava até ao
rio Tejo. No ano de 716 os Mouros alcançaram a cidade provocando grande
destruição, dada a sua importância religiosa.
No
séc. XI a cidade é reorganizada e pensa-se que o nome “Braga” tenha surgido
neste período. É iniciada a construção da muralha citadina e da Sé, sobre
restos de um antigo templo romano. Em 1112 D. Teresa e D. Henrique de Borgonha
doam a cidade aos arcebispos que readquire uma enorme importância a nível
ibérico.
No
séc. XVI, o Arcebispo de Braga modifica a cidade profundamente,
introduzindo-lhe ruas, praças, novos edifícios, provocando-lhe também o
crescimento para além do perímetro amuralhado. Nos séculos seguintes – XVI ao
XVIII, os edifícios de traça medieval vão sendo apagados e substituídos por
outros com arquitectura religiosa da época. No século XVIII, Braga
transforma-se no Ex-líbris do Barroco em Portugal. Nas invasões francesas a
cidade é palco de batalha e de vários saques e mais tarde, depois do fim das
lutas liberais e com a expulsão das ordens religiosas todo o seu espólio ficou
para a cidade.
Salientamos
nesta nossa visita, o Paço Arquiepiscopal, a Praça do Município, uma das mais
bonitas praças que em tempo serviu como “Campo de Touros”, a Igreja da
Misericórdia, uma construção do séc. XVI, a Igreja de Santa Cruz, o Palácio do
Raio e a Torre de Santiago.
A
Catedral de Braga cujo interior é profundamente austero começou a ser erigida
em finais do séc. XI sobre uma anterior construção que poderá ter sido a
anterior catedral. No coro alto o cadeiral e os órgãos de talha dourada são
obras excepcionais de concepção e execução.
O
Tesouro-Museu da Sé de Braga que tivemos oportunidade de visitar (mas que não
pudemos fotografar) encerra um espólio de inestimável valor, com peças que
cobrem um período de mil e quinhentos anos.
Antes
do almoço e da visita à Catedral fomos ainda presenteados com mais um desfile
de cabeçudos e com os Bombos de Stº André. Braga continuava animada e ainda não
sabia que ia merecer a distinção de Capital Ibero-Americana da Juventude 2016.
E
durante a última refeição no Minho a boa disposição manteve-se apesar da hora
do regresso cada vez estar mais próxima.
“As
Jóias do Minho” foi um programa especialmente preparado a pensar em si.
Quatro
dias maravilhosos que só foram possíveis graças aos excelentes profissionais
que nos acompanharam, a Rita Vilela Lima e o João Leitão, e naturalmente a
todos os sócios e seus familiares que mais uma vez preferiram a nossa
companhia.
As viagens são como
as pessoas… UNIKas.
A.
Domingos Santos
Fotos
e composição do texto
1 comentário:
Meu Caro António Santos,
A viagem foi um sucesso sendo de novo um grande prazer podermos partilhar de alguns momentos, bem passados, com a Família do Colmeal.
O seu empenho e os seus cuidados pessoais para que tudo corresse bem, foram extraordinários e seguramente que contribuíram para que nada falhasse.
O seu trabalho em fotos de excelente qualidade e o resumo do percurso em texto bem cuidado e objectivo, revelam bem a importância que atribui a estes eventos.
Envio-lhe os meus parabéns e um forte abraço, com reconhecido respeito e muito apreço,
JMCoelho
Enviar um comentário