15 julho 2008

Lisete de Matos - o seu novo livro



Na véspera de rumarmos à descoberta dos Açores colocámos aqui um pequeno apontamento sobre o livro "DOS OBJECTOS PARA AS PESSOAS" de autoria da nossa associada e amiga, Dr.ª Lisete de Matos.

Adriano Pacheco no Jornal de Arganil de 19 de Junho, referia-se ao livro enaltecendo "o belo aspecto gráfico, a cor da fotografia e a harmoniosa ligação entre o homem, o objecto e a paisagem" e "cujo tema e formato nos surpreendeu agradavelmente, não apenas pela sua boa qualidade, mas principalmente pela originalidade da concepção e cem páginas de fotografias de objectos que já fazem história."

Também o Dr. Paulo Ramalho, que fez a apresentação do livro, considerou-o como "fundamental para se compreender melhor a Serra do Açor" e que o mesmo é "uma memória feliz da serra, pela forma como as fotos estão dispostas e articuladas".

Lisete de Matos diz que pretendeu nesta sua obra "dar visibilidade e chamar a atenção para a riqueza do património cultural que se encontra disperso por toda a parte, contribuir para a afirmação identitária e para o registo da memória colectiva" (in "O Varzeense" de 30 de Maio).

Como anteriormente dizíamos "Recomendamos vivamente este novo livro de Lisete de Matos, que já tivemos o privilégio de ler e apreciar. Será um livro para que cada um de nós não esqueça tempos idos que por nós passaram e por onde nós andámos envolvidos. Um livro para ser "contado e explicado" pelos pais aos filhos que já viveram noutros tempos, mais recentes. Um livro para ser oferecido aos amigos. Um livro para ficar com cada um de nós.

Ao ler este livro, sentimo-nos a percorrer a nossa Avenida da Memória, que sem querer, um dia e num cruzamento qualquer, poderá desembocar numa qualquer Avenida do Esquecimento."Como certo candeeiro, esquecido por alguém na janela de uma velha casa..."

Parabéns Lisete de Matos por mais este seu livro.

UPFC

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada pela apreciação e pelos parabéns. Se me permitem, torno-os extensivos a todos quantos persistem no esforço de manter vivas as aldeias da serra, investindo cada um, pessoa singular ou colectiva, o capital e os talentos de que é portador. Embora a despropósito, aproveito para fazer alguns agradecimentos e esclarecimentos. Uns devidos, outros provavelmente indevidos.

Agradecendo, agradeço aos ausentes presentes através dos objectos o legado de iniciativa e determinação com que enfrentaremos o futuro e, a todos, o apoio prestado à concretização do projecto. Tratou-se de um apoio essencial traduzido na ilustração de situações, no empréstimo de objectos, e na partilha de informação sobre eles, na leitura do texto e no seu enriquecimento com contributos inestimáveis, na sua apresentação sensível, na divulgação. Neste último campo, tão fértil de participação interessada e solidária, não posso deixar de destacar o acolhimento e o estímulo dos municípios de Arganil e Góis à produção cultural local ainda que não literária ou erudita.

Esclarecendo, passo a apresentar, digamos que os objectivos dos objectivos da obra. É que tendem a ser ignorados e são eles que são verdadeiramente importantes! Assim, em relação ao primeiro, quis dar visibilidade e chamar a atenção para a grande riqueza do património que se encontra disperso um pouco por toda a parte porque vejo esse património como uma potencialidade. No momento em que muitas localidades estão a evoluir de espaço e tempo de plenitude e permanência, para espaço e tempo transitórios de lazer e reencontro com as origens, esse património configura-se como um dos recursos que podem ser colocados ao serviço do desenvolvimento económico, nomeadamente através do ecoturismo. Obviamente, partindo do pressuposto de que os objectos mais humildes também fazem parte da história, como os cidadãos mais humildes que a ajudam a construir, e desde que esse património seja preservado, física e simbolicamente, pressupondo a capacidade de o ver e fazer ver, de o conhecer e dele saber falar aos descendentes e visitantes menos familiarizados com a realidade social presente e passada do interior. Estou a falar dos objectos enquanto produto e reflexo da actividade humana, mas o mesmo poderia dizer, pelas mesmas razões, das casas, currais, moinhos, levadas, fontes, marcos … Em relação ao segundo objectivo, no caso, explicito na obra porque mencionado na introdução, quis contribuir para a afirmação identitária, para o reforço da pertença à serra e para o registo da memória colectiva, por considerar que são alicerces indispensáveis para a construção de um futuro que se antevê muito diferente e complexo. Também porque não abdico da esperança e da ousadia de o obrigar a concretizar-se!

Parti dos objectos para falar das pessoas, dos seus modos de vida e dos valores que lhes subjazem, sem esquecer, por exemplo, a experiência migratória, que em parte justifica o presente do interior pela positiva e pela negativa. Digo em parte, porque a responsabilidade de leão cabe às políticas oficiais de desertificação deliberada dos territórios periféricos, para que nem sequer continuem a absorver migalhas do bolo gigantesco do investimento privilegiado nos grandes, médios e pequenos centros. Sendo verdade que muitos objectos são antigos e até velhos, também o é que vários continuam em uso por essas terras, demonstrando bem o andamento da sociedade portuguesa a duas ou mais velocidades! Partindo dos objectos para falar das pessoas e dos seus modos de vida, faço-o de modo muito sintético e despretensioso, procurando não me repetir em relação ao que já disse ou poderei vir a dizer noutros contextos. Procurei, ainda, deixar espaço e motivação para que outros escrevam. Como digo no final da introdução, o livro retrata simples fragmentos de uma realidade que é tão vasta e multifacetada quanto o homem e a sua acção, e que pode ser apreendida de inúmeros pontos de vista complementares ou distintos. Todos não seremos de mais a contar a vida, e a dar-lhe continuidade em condições progressivamente mais favoráveis e portadoras de bem-estar. Fico à espera.

Lisete de Matos
Açor, 08/07/19