19 junho 2008

Falta de água

Assistimos recentemente nos telejornais ao drama que se estava a viver em Espanha, mais concretamente na zona de Barcelona. A falta de água obrigava ao recurso de meios extra como camiões cisterna, transporte por comboio de contentores e vagões com água e a utilização de dez barcos cisterna. A crise vivida, a pior desde há sessenta anos, levava ao desespero dos catalães por verem as reservas de água descerem aos 20%. A seca já castigava esta região de Espanha há cerca de ano e meio e está considerada como a mais grave desde 1912. A falta de chuva e o caudal dos rios reduzido a um fio de água levaram a que as reservas descessem perigosamente. Tudo isto obrigou a que se tomassem medidas severas e que se pedisse a toda a gente que colaborasse e poupassem água ao máximo. Proibido regar jardins, encher piscinas e lavar automóveis foram algumas das medidas tomadas. As alterações climáticas estão a mudar rápida e silenciosamente o mundo que nos cerca. Vagas de calor, inundações e outros fenómenos meteorológicos são sinais evidentes de mudança que se encontram por toda a parte. Todos nos vamos apercebendo de mudanças quando vemos as andorinhas chegarem mais cedo ou partirem mais tarde, as árvores florirem “antes da época”, ou quando olhamos para as serras e montes que nos rodeiam e reparamos como agora são diferentes do que eram há anos atrás. Ou para o nosso rio e o vemos tão diferente em termos de caudal, o que nos causa bastante tristeza. Os sinais das alterações climáticas são inequívocos. Já todos ouvimos falar das preocupações com os glaciares que derretem, com as vagas de calor (que nós costumamos dizer que “são fora do tempo”…), lagos que vão secando ou gelam mais tarde, o avanço das areias e do deserto obrigando à deslocação de pessoas e animais, o corte desordenado da floresta, de tudo isto vamos ouvindo falar mas parece que nos importamos pouco. Na nossa freguesia, com o abandono da população jovem e o envelhecimento dos que ficam e que vão resistindo, os antigos terrenos de cultivo “estão de relva”, porque os braços já não têm força. Os poços vão secando e as levadas já não nos deixam ouvir o cantar da água na sua passagem. O arvoredo a que nos habituáramos durante muitos anos, com a passagem impiedosa dos fogos foi sendo substituído por outro mais rentável a curto prazo, mas que não teve em conta os prejuízos que viriam a causar em termos ambientais. E basta olhar para uma fotografia com alguns anos e compará-la com a realidade dos dias de hoje para ver a diferença. Como já havíamos referido anteriormente, “estudos realizados há alguns meses revelam que os portugueses já encaram a poupança de água como um hábito diário. Uma das razões apontadas para esta reviravolta é o esforço desenvolvido em termos informativos, nomeadamente através de campanhas de sensibilização que vão alertando a população para a importância deste recurso natural tão escasso.” O Senhor Presidente da Câmara Municipal de Góis, numa entrevista dada em Janeiro a “O Varzeense” avisava que “a água da rede não é para regar, é para ser poupada, pois é um bem essencial à vida”, o que nos levou a manifestar a nossa disponibilidade imediata para ajudar nessa acção. Os meses de Verão no Colmeal têm sido especialmente críticos pela grande afluência dos seus filhos que ali vão passar uns dias de merecidas férias. Ao longo dos anos foram sendo encontradas diferentes soluções para resolver as deficiências no abastecimento de água, com a procura de novas captações. Ainda em Agosto passado, José Nunes e a sua equipa dos serviços camarários, foram inexcedíveis na multiplicação dos esforços que desenvolveram para que o abastecimento de água ficasse normalizado. Recentemente, na Assembleia de Freguesia realizada no Colmeal, o espectro da falta de água em Agosto foi falado. Mas todos estamos tranquilos e confiantes de que a situação está resolvida e que as pessoas terão consciência de quanto a água é essencial e que deverá ser utilizada regradamente. Não nos devemos esquecer nunca que a água é o sustento da vida. A. Domingos Santos

1 comentário:

Anónimo disse...

Felicito-vos pelo assunto que aqui apresentam e que infelizmente nos vai tocando a todos.
No caso particular de Barcelona, a escassez de água obriga a alterar a mentalidade e os hábitos e os seus quase cinco milhões de habitantes são obrigados a tomar consciência e adoptar medidas para não desperdiçar este líquido precioso.
Infelizmente muitas pessoas estão acostumadas a viver desperdiçando a água. Convém que todos mudemos a mentalidade e nos apercebamos da realidade, antes que seja tarde demais.