11 abril 2008

Caminhada


Pouco mais de quinze dias nos separam dos "Trilhos da Ribeira de Ádela - Caminhos da Escola", percurso que iremos recordar por Ádela e Açor, desde os Cepos até ao Colmeal.



Nos meus tempos de escola existia apenas um livro, o chamado "livro único", para cada uma das quatro classes então obrigatórias. Os mais antigos ainda se lembram deles.



Quem não se lembra destas imagens? Os meninos segurando balões de cores diferentes com as cinco vogais. Letras grandes, pequenas, comerciais ou em tipo de imprensa. Que nós escrevíamos em cadernos de linhas, que na primeira classe tinham duas, para que as letras saíssem alinhadas e todas do mesmo tamanho. Com lápis que se aproveitavam até à pontinha ou com aquelas canetas de aparos soltos e se molhavam nos tinteiros das carteiras.





"a" de águia, "e" de égua, "i" de igreja, "o" de ovos, "u" de uvas. Outra maneira de conhecer as vogais em associação com elementos mais ou menos conhecidos. Letras que escrevíamos na lousa com uma pena ou no quadro preto com o giz.




"É inverno, duro inverno. Neva tanto. O monte e o tecto têm neve. É um nevão. O vento varre a neve."
Um trecho do Livro da Primeira Classe que os nossos alunos de Açor e Ádela compreendiam melhor do que muitos outros que não sabiam o que era neve.



"O terreno é do nosso avô, é nosso, é teu, é meu, é da nossa mãe. Eu vi o avô deitar a semente à terra. O arado virava a terra. E o avô suava tanto!."
Do mesmo livro, outra passagem que os alunos que iam à escola aos Cepos certamente entendiam bem. Quantos deles não teriam já ajudado os seus a deitar as sementes à terra!?...




E quem não se lembra ainda de "Os ninhos", aqueles versos lindos de Afonso Lopes Vieira que começavam assim:

"Os passarinhos,
Tão engraçados,
Fazem os ninhos
Com mil cuidados"...


Tudo o que se passou naqueles anos será com certeza recordado ao passarmos por aqueles trilhos.
Não com a sacola de serapilheira a tiracolo e as mãos livres para correr e brincar , nem tão pouco com as tamancas de brochas às topadas nas pedras soltas.
Vamos encontrar os cheiros dos mesmos caminhos, rever as cores das plantas, das árvores e dos matos.
E das nossas memórias saltarão episódios que julgávamos perdidos.
Venha ver como será possível recordar tanta coisa que já considerava esquecida.
Vamos ficar admirados. E também felizes por tudo isso.

A. Domingos Santos

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá
Nunca houve livro único para a 4.ª classe.
J.M.

Anónimo disse...

Agradecemos o seu comentário.
Estávamos convencidos de que naquele tempo e nós fizémos a instrução primária há mais de meio século, que "não havia por onde escolher". Era aquele e mais nenhum.
Será que nos poderá ajudar, enviando-nos mais alguns elementos?
Obrigado.