Há nove décadas, mais concretamente em 18 de Agosto de 1931, a imprensa regional, através de A Comarca de Arganil dava-nos a notícia que a seguir recordamos
Uma semana depois,
este trissemanário, em notícia subscrita por José Henriques d’Almeida, informava
com mais pormenor:
«Está-se organizando
em Lisboa uma comissão de melhoramentos da freguesia do Colmeal, formada por
filhos desta importante região.
Muito há a fazer em
benefício de tão esquecida freguesia, pelo que nos congratulamos profundamente
com a simpática iniciativa do punhado de nossos patrícios que a concebeu e que
podem trazer para o Colmeal um progressivo desenvolvimento.»
José Henriques
d’Almeida viria a integrar, como Tesoureiro, a Direcção liderada por Joaquim
Fontes de Almeida, eleita em Assembleia-Geral de 4 de Outubro, presidida por
Joaquim Francisco Neves, secretariada por Francisco Domingos e Manuel João
Miranda.
«O regionalismo bem
compreendido é aquele que procura dar progresso e civilização às inúmeras
localidades do país, aproximando-as cada vez mais dos grandes centros. Tudo que
se faça com esse fim é altamente proveitoso, não só para as regiões
beneficiadas, mas também para toda a nação de que elas são as células vivas que
a alimentam tanto mais fortemente quanto maior é o desenvolvimento civilizador
que atingem.
E ainda que se
careça da acção do Estado para que esse desenvolvimento se torne uma realidade,
o certo é que a iniciativa particular deve ser o movimento impulsor, competindo
a ela intervir junto do Estado para que ele realize as obras necessárias ao
desenvolvimento das localidades, freguesias e concelhos, contribuindo também
directamente, quer pelo trabalho dos indivíduos, quer pelo seu auxílio
financeiro, para a realização dessas obras.» Assim continuava a notícia em A Comarca de Arganil subscrita por José
Henriques d’Almeida, que trabalhou nesta primeira Direcção com Marcelino de
Almeida, Francisco Domingos, Aníbal Gonçalves de Almeida, José Antunes André e
Manuel Martins.
«Como intermediárias
dessa múltipla acção, surgem essas comissões de melhoramentos que nós vemos
constituir-se na nossa região, as quais tomam a seu cargo estimular as
iniciativas das terras a que dizem respeito, angariando fundos com que vão em
auxílio das câmaras e juntas de freguesia, expondo as suas necessidades e
instando pela realização dos melhoramentos que as terras precisam. Foi por
conhecerem as vantagens que para o
Colmeal podem advir, que alguns seus filhos, cheios de vida e de boa vontade
pelo engrandecimento da terra, onde nasceram e que residem em Lisboa, se
resolveram constituir-se em comissão para trabalharem em prol do Colmeal.
E assim propõe-se a
comissão desenvolver directa e indirectamente a terra que lhes foi berço,
levando às entidades competentes uma representação mostrando as obras urgentes
de que necessita o Colmeal, como sejam as vias de comunicação, fontes, escolas,
etc., etc., tudo enfim quanto é necessário ao engrandecimento dum povo.»
Quase a terminar e
com grande esperança e forte convicção «Será sem dúvida notável a acção da nova
comissão de melhoramentos do Colmeal e é de esperar que ela possa fortemente
contribuir para o desenvolvimento desta freguesia, uma das mais importantes do
concelho de Góis.»
A imprensa regional teve um enorme papel no apoio e na divulgação do trabalho da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, no decorrer destes noventa anos. Para além de A Comarca de Arganil, que aqui referimos, também O Varzeense e os extintos Jornal de Arganil e O Colmeal sempre tiveram espaço nas suas páginas para dar a conhecer o percurso, nem sempre fácil, do querer e da determinação de um punhado de lutadores empenhados no bem-estar e desenvolvimento nas suas aldeias.
Lisboa, 19 de Julho de 2021
A. Domingos Santos
3 comentários:
Parabéns a todos os que, por amor ao Colmeal e às suas gentes, ajudaram e ajudam a dar continuidade à iniciativa destes pioneiros. Este 90º aniversário é um bom pretexto para o arranjo e limpeza das placas que os recordam, no Lombo das Vinhas e no caminho da Cova.
É tempo, noventa anos! Obrigada por recordar. São memórias que alicerçam e explicam o presente, ao mesmo tempo que deveriam contribuir para delinear o futuro. Muito sucesso.
Lisete de Matos
De facto, 90 anos é muito tempo...muita luta, muito trabalho, muita generosidade de todos os que deram o seu tempo livre à promoção do bem comum.
Em boa hora são recordados e que nos sirvam de inspiração a todos, continuando a sua obra, honrando a sua memória.
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