A 12 e 13 de setembro, teve lugar a 4ª Feira Rural do Colmeal, uma iniciativa do Rancho Folclórico Serra do Ceira, com o apoio da Junta de Freguesia e do Município. Como habitualmente, a feira integrava uma vertente lúdico-recreativa e uma económica. Na primeira, para além do grupo anfitrião, que mais uma vez representou uma descamisada, atuaram os Rancho Folclórico e Etnográfico São Joaninho (Stª Comba Dão) e Rancho Folclórico Zagalho e Vale do Conde (Penacova).
A atuação dos ranchos é sempre objeto de grande apreço, especialmente quando apela ao envolvimento do público, cuja adesão significa que as pessoas gostam de participar, e que vêm para fazer a festa, e não apenas para vê-la fazer.
Aliás, conforme referido oportunamente (2 de out., 2012), ao mérito cultural dos grupos folclóricos acrescem a atividade física, o divertimento e o enriquecimento que configuram para os próprios. Espaço privilegiado de protagonismo, dá gosto ver o agrado com que alguns elementos tocam, cantam e dançam! Mas não era preciso beber água ao mesmo tempo! De louvar e agradecer, ainda, a dedicação, a disponibilidade e a divulgação que fazem das suas terras. Fernando Santos, presidente da direção do Rancho Folclórico Serra do Ceira, esteve bem, enquanto anfitrião e “speaker”.
Mais carente, o Kiko, mascote do grupo, continua de laço verde.
No Domingo de manhã, os amantes da modalidade tiveram oportunidade de ver passar a prova de ciclismo Skyroad Aldeias do Xisto, que fez uma paragem de reforço. Um reforço muito retemperador, a julgar pelo vazio dos tabuleiros, que antes estavam cheios! Com aquelas sapatilhas de solas com saliências, os ciclistas andavam como bailarinas!
A vertente económica incluia catorze standes e uns dezanove expositores, números muito expressivos para um evento de cariz local. Presentes: Helena Correia e Lurdes Filipe, Cepos; Micael Gonçalves, Sarzedo; Amilcar Almeida, Josefina Almeida, Lisete de Matos e Maria Cecília Fernandes, Açor; Alice Almeida, Regateira; José Nunes, Góis; Casimiro Henriques, Cabreira; Alfredo, Ponte de Sótão; Manuel Carvalho, Ilda Pinto (Caritas), Rancho Folclórico Serra do Ceira, Belmira Fontes e Etelvina Fontes, Colmeal; Alice, Malhada; Schelly, Vale da Presa; Hans Kollande, Góis. Entre outros artigos, havia arte e artesanato, livros, lavores, cosméticos e velharias, hortícolas, legumes e leguminosas, laticínios, mel, azeite e bebidas, refeições, filhós e sonhos quentinhos, numa inspirada reinvenção da gastronomia tradicional. Enfim, havia de tudo um pouco e todos terão feito alguma coisa, apesar das dificuldades vigentes e da chuva desmancha-prazeres da tarde de domingo.
Do Colmeal e respetivas terras contavam-se nove expositores. Esta representação, associada ao facto de serem feirantes ocasionais, permite retirar duas conclusões que importa sublinhar. A primeira é a da pertença ao Colmeal e à comunidade colmealense que as pessoas evidenciam, ao assumirem o papel de feirantes. Tratando-se de uma atividade para a qual nem todas estão vocacionadas, a sua presença releva como participação, ou seja, como vontade de fazer parte e solidariedade. Embora a inexistência de transporte público condicione esta observação, o mesmo poderá dizer-se dos muitos conterrâneos que compareceram, inclusive, vindo de Lisboa.
A segunda conclusão a retirar é a de que temos talentos, produção de diversos artigos e excedentes dos mesmos, que as pessoas aproveitaram para partilhar e escoar. Fazendo-o, mostraram capacidade de iniciativa - a começar pelos promotores -, uma qualidade de futuro, se apropriada pelos mais novos que temos e esperamos vir a ter.
No final, todos pareciam satisfeitos: os organizadores pelo sucesso da realização, os feirantes pela aceitação e valorização dos seus talentos e produtos, os residentes, fregueses e visitantes pela diferença e pela oportunidade de negócio, convívio e diversão. Nas palavras de uma amiga, “Foi um dia bem passado. Ainda bem que há quem organize estas coisas!”
Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 18 de outubro de 2015
2 comentários:
Parabéns, Dra. Lisete, pela excelente reportagem. Não pude estar presente, mas é como se lá tivesse estado...
Rui Ferreira
Iniciativa muito interessante. Recordar e recriar é fundamental para que o esquecimento não tome conta das memórias de um povo. E a participação é fundamental. Bem haja aos promotores. A divulgação é indispensável. Texto e fotografias magníficas.
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