«PROGRESSO –
INSTRUÇÃO» (Binómio que figurava no primeiro Brazão da UPFC)
O
regionalismo colmealense, impulsionado nos seus primeiros anos, o que nunca é
demais realçar, por homens parcialmente iletrados, duros mas leais, conseguiu,
sem quaisquer filosofias, antes com trabalho, sacrifícios, sobrepondo o
colectivo ao individual e com muito amor ao próximo, transmitir a gerações
posteriores de dirigentes, algumas dessas virtudes.
Dentro
destes princípios humanos, a instrução, as crianças das escolas, os homens e as
mulheres de amanhã, sempre mereceram um carinho muito especial por parte da
União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Material escolar, caso de cadernos,
borrachas, lápis, canetas, livros de estudo e outros artigos didácticos, eram
entregues periodicamente aos alunos.
Ainda
recentemente, aquando do Ano Internacional da Criança, a direcção da União
proporcionou a dezenas de crianças uma deslocação à capital, a vários e
aprazíveis locais. Igualmente as últimas direcções têm procedido à distribuição
de brinquedos.
Com
a migração constante e já definitiva, para outras zonas do país e do
estrangeiro, o número de habitantes foi diminuindo e, automaticamente, o de
crianças. Simultaneamente, em face da política educacional, a quantidade de
professores para todo o país era insuficiente porque, estupidamente, não se
desenvolvia a cultura. Como só «interessava», segundo o poder político, «saber
ler e contar» na sede de freguesia, o número de edifícios escolares foi
reduzido a uma escola, que passou a ser mista.
As
crianças de todas as aldeias da freguesia frequentavam a escola do Colmeal,
excepto as de Ádela, que, tal como no presente, aprendem nos Cepos a instrução
primária.
Para
saberem «ler e contar» qualquer coisa as crianças que frequentavam a escola
(nem todas a frequentavam) tinham de palmilhar com sol abrasador, chuva e por
vezes neve em parte do percurso, dez quilómetros e mais.
Para
minorar este Calvário de algumas crianças da freguesia, iniciou a União
Progressiva da Freguesia do Colmeal, em 1933, antes da eliminação da escola
feminina, petições, exposições, relatos na imprensa regional, no sentido de
serem construídos novos edifícios escolares em outras aldeias.
Dez
anos volvidos, ou mais, Malhada e Carvalhal viram concretizada esta aspiração
que tinha tanto de humana como de justa.
Através
da sua acção lenta mas profícua, o regionalismo colmealense vinha contribuindo,
dentro das suas possibilidades, para que cada um viesse a sair de dentro das
suas trincheiras e começasse a interessar-se pelos problemas comuns da terra
que o viu nascer.
No
campo da assistência médica (apesar de criado o partido médico do Colmeal nunca
instalado por falta de concorrentes), outra das grandes necessidades prementes
e difíceis de concretizar, por falta de vias de comunicação e de uma política
voltada para a saúde pública, também o labor da União, foi útil, foi positivo.
Após
inúmeras exposições, endereçadas ao longo dos anos às mais variadas entidades,
recebeu, finalmente, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal o ofício nº
1070 da presidência da Câmara Municipal de Góis, com data de 20 de Novembro de
1953, no qual se informava «… concordando inteiramente com a justa pretensão,
só a julgo possível depois da instalação do posto médico…».
Embora
modesto, conseguiu o regionalismo o «Posto médico» (antiga escola do Canto),
bem assim o mobiliário e seu apetrechamento com o material mínimo
indispensável.
Se o
«Posto médico» funcionou número de vezes muito limitado, a responsabilidade não
foi da União. A União foi «burlada»!
Quem
subscreveu tal ofício não desconhecia as limitações médico-sociais concelhias,
a inexistência de uma política nacional de saúde, o isolamento em que então
ainda se encontrava o Colmeal.
Tal
promessa não era, não foi, para cumprir.
Embora
fechado e sem funcionamento o posto médico não podia ser encerrado. Era «para
inglês ver» mais um «posto médico» a figurar como «existente» nas
«estatísticas», deste país.
Anualmente
aparecia na União Progressiva da Freguesia do Colmeal uma ficha do I.N.E. para,
após preenchida, ser devolvida, dentro de determinado prazo, por causa de
possíveis «sanções». Nem sempre a direcção procedia à sua devolução dentro do
prazo para forçar a remessa de novo ofício com a indicação de novas
«penalidades». Normalmente a União Progressiva da Freguesia do Colmeal devolvia
a ficha com a indicação «não se verificou movimento por falta de médicos».
Em
1974 1975 a União, e congéneres da freguesia, passaram a custear a deslocação
de clínico à sede de freguesia.
Nestes
últimos anos a assistência médica tem sido garantida pelo serviço á periferia,
salvo quando a Câmara Municipal de Góis não tem fundos, ou estes não lhe são
garantidos por quem de direito, para liquidação do transporte aos clínicos.
Evidentemente,
como não podia deixar de ser, também a terceira idade não era esquecida.
Durante inúmeros anos, pela Páscoa ou Natal, era efectuada uma distribuição de
géneros alimentícios. Conforme as possibilidades financeiras da colectividade,
assim eram as quantidades ou o número de beneficiários, ou optava-se pelos mais
necessitados, visto todos precisarem na freguesia.
Por
se tratar de assunto delicado, controverso na opinião de uns, discriminatório
na de outros, perdeu-se a tradição para evitar, ao que julgamos, polémicas ou
melindres, nem sempre com razão.
Hoje,
em face da evolução social, tal era injustificado.
in Boletim “O Colmeal”,
Nº 166 – Outubro de 1980
Arquivos da União
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