21 março 2014

Nos Picos da Europa com a União – 4º dia


Após o pequeno-almoço e depois de um último olhar para aquelas águas tentadoras que íamos deixar para trás partimos em direcção às famosas Grutas de Altamira. Não às verdadeiras mas a um museu, que as replica na perfeição e que apesar de estar fechado naquele dia (segunda-feira) abriu de propósito para o nosso grupo.


A caverna de Altamira foi descoberta no século XIX, em 1868, por um caçador chamado Modesto Cubillas, que por acaso encontrou a entrada ao tentar libertar o seu cão que ficara preso entre as fendas de uma rocha quando perseguir uma presa. Esta caverna de Altamira conserva um dos conjuntos pictóricos mais importantes da Pré-História. Situa-se no município espanhol de Santillana del Mar. Há cerca de três mil anos a queda de uma rocha bloqueou a entrada da caverna não permitindo a continuidade da ocupação pelos humanos e preservando deste modo o seu interior.


As pinturas e gravuras existentes na caverna pertencem, principalmente, ao período do Paleolítico Superior. O estilo de grande parte das suas gravuras caracteriza-se pelo realismo das figuras representadas. Encontram-se pinturas polícromas, gravuras, pinturas pretas, vermelhas e ocres que representam animais, figuras antropomorfas, desenhos abstractos e não figurativos. Há quem considere Altamira como a “Capela Sistina da arte rupestre”.


A caverna de Altamira foi aberta ao público em geral em 1917. Sete anos depois foi declarada Monumento Nacional e em 1985, Património da Humanidade pela UNESCO.


Em 1977 tornou-se necessário encerrar a gruta que tinha uma considerável média de visitantes anuais na ordem dos 175 mil. Com bastantes restrições voltou a ser aberta em 1982 mas em 2002 fechou novamente devido à presença de bactérias, fungos e partículas nocivas nas pinturas, fruto da utilização, durante décadas, de luz artificial.

Para obviar os inconvenientes com o fecho da caverna e face ao considerável número de pessoas que desejavam aceder ao seu interior, foi decidido construir uma réplica, uma caverna artificial, que hoje pode ser apreciada no Museu Nacional e Centro de Pesquisa de Altamira. No seu interior encontram os visitantes a reprodução mais fiel da original e muito semelhante da que se podia observar há quinze mil anos.














Seguimos depois para Santillana del Mar. É uma das mais belas cidades de Espanha, de maior valor histórico e o principal foco de atracção turística de Cantábria. Um autêntico museu vivo. Alberga verdadeiros tesouros arquitectónicos e conserva praticamente intacta a sua estrutura medieval, dotada de esplêndidas casas de pedra construídas entre os séculos XV e XVII. Em 1889 a cidade foi inteiramente declarada monumento histórico e artístico. Santillana cresceu à volta de uma ermida levantada por monges procedentes da Ásia Menor, na qual se previa depositar os restos mortais de Santa Juliana. La Colegiata de Santa Juliana é o edifício mais representativo e a jóia mais importante do românico na região. Na costa ocidental da Cantábria, Santillana é um dos dois mais apreciados tesouros culturais de quantos se podem encontrar. O outro são as Grutas de Altamira.









Santander esperava-nos. Capital da Comunidade Autónoma da Cantábria é uma cidade que se destaca pelas suas praias e pelo seu porto comercial e de passageiros, povoada desde tempos imemoriais, tal como demonstram os vestígios deixados nas suas cavernas pré-históricas. Rica em museus e actividades culturais é uma cidade universitária, jovem e dinâmica, com um aeroporto internacional e um turismo crescente, que se deve principalmente ao seu bom clima na época estival.
No século XX Santander sofreu um rude golpe com o incêndio que deflagrou na cidade em 18 de Fevereiro de 1941 e que provocou a destruição da maior parte do seu centro histórico, que teve de ser reconstruído.
A catedral, reconstruida seguindo o estilo gótico depois do incêndio de 1941, ainda conserva a cripta original, do século XII. O Passeio Marítimo de Sardinero que se situa na zona mais luxuosa da cidade permitiu-nos a obtenção de belas fotografias da sua extensa praia. E a seguir fomos almoçar uma excelente parrillada de mariscos.









A cidade de Burgos está localizada no centro da província com o mesmo nome. Foi fundada como fortaleza em 884 e elevada à categoria de sede episcopal em 1029. É uma cidade rica em arte gótica (sec. XII-XIV), destacando-se as igrejas de Santa Gadea, de Santo Estêvão e S. Gil, o Hospital del Rey, o Solar del Cid, os conventos das Carmelitas e Agostinhas, e, sobretudo, a Catedral.












A sua importância na Idade Média fez com que se tornasse a capital de Castela, o que lhe confere actualmente um carácter senhorial reflectido nos seus importantíssimos monumentos e edifícios históricos que adornam a cidade. Burgos mantém bem conservado o seu centro histórico, tendo como principal atracção a Catedral gótica, declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO e onde se destacam também a Plaza Mayor, o Arco de Santa Maria e a estátua de El Cid, o Campeador. É hoje, no entanto, uma cidade activa, cercada de indústrias, e um nó chave em todas as comunicações do norte de Espanha. Há dez séculos atrás já era um dos pontos-chave na rota religiosa e de intercâmbio cultural que atravessava o norte do país: o Caminho de Santiago.








Depois do jantar ainda houve tempo para uma voltinha pela Burgos nocturna. O dia seguinte será o último desta agradável e memorável visita aos Picos da Europa.


Fotos de A. Domingos Santos e Francisco Silva

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente reportagem fotográfica.
Parabéns aos seus autores.