Com o fim do Verão, recordamos a festa mais bonita que aconteceu no vale do Ceira. Um título completamente subjetivo, mas perfeitamente acertado para quem assistiu à dita cuja.
Sob a desculpa de honrar o Senhor da Amargura, juntaram-se cerca de uma centena
de pessoas de todas as idades no Colmeal, durante os dias 5, 6, e 7 de agosto,
em mais uma Festa anual, com diferentes eventos para todos os gostos.
As atividades tiveram início logo na manhã de sábado, dia 5, com uma valente
caminhada serrana que permitiu distinguir os valentes dos cobardes. Não sei se
foi do pequeno-almoço repleto de produtos locais e bebidas frescas, mas não
houve nenhum participante que não tenha atingido o estatuto de valente, tendo
todos os caminhantes chegado ao destino com algumas dores nas pernas, mas com os
olhos a sorrir pelas vistas que observaram.
A tarde ficou marcada pela procissão do Senhor da Amargura para a igreja
matriz, a residência temporária que o acolheu até ao dia seguinte, de onde saiu
em procissão pelo Colmeal na manhã seguinte. Mas já lá vamos!
Ao final da tarde de sábado, quem se dirigiu ao Parque Os Pioneiros, assistiu a
um torneio eletrizante de futebol entre os "3 Grandes". Falamos,
claro está, das equipas formadas pela União Progressiva da Freguesia do Colmeal,
pela Comissão de Melhoramentos de Malhada e Casais, e pela Comissão de
Melhoramentos de Ádela. Desportivamente, a vitória final sorriu a esta última,
mas os verdadeiros vencedores foram o público que vibraram e apoiaram os
jogadores das 3 equipas.
O cansaço dos atletas que correram atrás do esférico não se notou durante a
noite, que foi sonorizada a partir das 22h00 pela atuação do grupo Coco Louco.
Foram muitos os pares que somaram quilómetros nos pés enquanto dançavam ao som
da música popular portuguesa que se fez ouvir em todo o Largo D. Josefa das
Neves Alves Caetano, ou Largo da Fonte como também é conhecido. No recinto da
festa foi também possível assistir a um pequeno fenómeno: o jogo do Prego. Com
direito a uma martelada por turno, vários participantes concentraram-se à volta
de um tronco e tentavam espetar o seu prego no dito cujo primeiro que os
outros, passando o martelo após cada tentativa. Muitas piadas foram feitas
sobre quem não dá uma boa martelada lá em casa.
As longas horas da festa pediam uma saudável hidratação, o que neste tipo de
eventos se traduz em duas fontes de bebida: a cerveja em garrafa vendida no
café mais perto e a cerveja de pressão que saía da banca da Comissão de Festas,
o já habitual bar "Morde a Foca" que mais uma vez vendia caldo verde
e bifanas, alimentos muito procurados para aconchegar o estômago durante toda a
noite.
Por incrível que pareça, foi possível ver os últimos dançantes que fecharam a
pista de dança já durante a madrugada de domingo, dia 6, na manhã seguinte
junto da Igreja. Foi lá que teve lugar a missa, pelas 10h30, e de onde partiu a
procissão que levou às ruas do Colmeal o Senhor da Amargura, num cortejo que
contou com São José, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora das Necessidades,
Santo António, Sagrado Coração de Jesus, e São Sebastião, este último o
padroeiro da aldeia.
Durante a tarde, a animação coube ao rancho folclórico Serra do Ceira e durou
até que a noite se instalasse. Presença assídua nas festividades do Colmeal,
ano após ano, os elementos deste rancho trazem os costumes do antigamente para
garantir a animação nos dias de hoje e, este último agosto, não foi exceção. A
alegria dos músicos e dançantes com os trajes de outros tempos contagia quem os
vê, desde os mais pequenos que só conhecem das bocas dos avós como eram as
coisas no passado, até os mais velhos que viveram esses "outros
tempos" e podem constatar como são usados corretamente aquelas saias à
cintura e os lenços na cabeça das senhoras, e falam animadamente do pormenor
dos relógios de bolso nos coletes dos senhores.
Com maior descanso do que na noite anterior, a manhã de segunda-feira, dia 8,
chegou, tal como o final das festividades, após a procissão do Senhor da
Amargura até à Capela.
Esta foi uma festa só possível de acontecer com o apoio de todos os
patrocinadores, onde se destacam a Câmara Municipal de Góis, a Junta da União
de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, e o Góis Moto Clube, este último um
parceiro cada vez mais presente nas atividades levadas a cabo no Colmeal.
Ler sobre esta celebração não é a mesma coisa que vivê-la, por isso o leitor
fica já convidado a vir celebrar connosco, no agosto de 2024, a Festa do
Colmeal.
Texto de Jorge Fonte
Fotos de Francisco Silva
PS: Devido a problemas informáticos só agora foi possível publicar este artigo.
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