1. CORPO DE DEUS
Foi bonita a festa do Corpo de Deus, no Colmeal. Sendo poucos, não podíamos ser muitos, mas entre residentes e visitantes, eramos mais de trinta, na missa.
Para não me repetir em relação ao que disse o ano passado, recordo apenas que o Corpo de Deus é uma solenidade católica que visa celebrar e afirmar o sacramento da Eucaristia, simbolizando a procissão a caminhada do povo de Deus em busca da Terra Prometida. Como consta da Sequência que foi lida (Missal Romano. Leccionário Dominical. Ano C):
Louva o teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.
Quanto possas tanto ouses
Em louvá-l’O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.
Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.
Este pão – que o mundo creia –
Por Jesus na Santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu (…)
A missa foi celebrada pelo padre Tarciso da Ordem dos Missionários do Espírito Santo, o mesmo sacerdote do ano passado. Na sua homilia, falou de transformação, comunidade e partilha, apontando para a procissão o objetivo adicional de abençoar as ruas palco da nossa vida. Nunca tinha pensado nisso!
De beleza comovente, o tapete de flores garridas e chorosas
da chuva da noite, que circundava a igreja, exalava a festa e à generosidade da
Irene Neves, tecedeira exímia. Como eximias são as cantadeiras Anabela,
Belmira, Ilda e Fátima (peço desculpas se esqueço alguém) que abrilhantaram a
cerimónia.
A terminar, o sacerdote despediu-se dizendo ter-se sentido em
casa, uma vez mais no Colmeal: pelo acolhimento das pessoas, pelo tempo
finalmente caloroso, pela igreja tão bonita e arranjada, seguramente com o
esforço e o envolvimento de todos.
2. PROCISSÃO DAS VELAS
Maio é o mês de Maria, um mês de peregrinação e devoção à mãe
de Jesus, principal intercetora junto Dele a que os fiéis podem recorrer. Na sequência
do pedido feito em Fátima, muitas comunidades católicas reúnem-se para rezar o
terço ao longo do mês, culminando a jornada de oração, com uma procissão das
velas.
Também no Colmeal se rezou o terço e a procissão das velas
teve lugar no dia 29, à noite. Uma vez mais, a procissão, durante a qual se
rezou o terço e cantou, percorreu a rua principal, palco da vida. Agora abençoado
pela Virgem-Mãe, depois de o ter sido, no dia anterior, pelo Filho presente,
para os fiéis, na hóstia consagrada e na cruz. A iniciativa das e dos
promotores é uma dádiva que devemos reconhecer e agradecer.
Para além de fé, ambas as procissões refletem a demografia da
freguesia e outros aspetos de ordem social, como o acesso progressivo das
mulheres a funções que estavam reservadas aos homens. Se ainda é verdade, em
tantas dimensões da atividade socioeconómica e cultural-religiosa, que “enquanto
há homens não se confessam mulheres”, há esperança a perfilar-se no horizonte
do futuro!
Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 31 de maio de 2016.
3 comentários:
Mais uma excelente reportagem, a que já nos habituou, reparando em aspectos que muitas vezes olhamos, mas não vemos. Obrigado, Lisete.
Obrigado pela partilha das palavras e das imagens que nos fazem regressar ao Colmeal.
Rui Ferreira
"Abençoar as ruas, palco da nossa vida"... Também eu, nunca tinha pensado nisso! Obrigada pela partilha, pelo seu olhar delicado e atento, que nos permite viver, sentir cada acontecimento, como se dele tivéssemos participado.
Está lindo o tapete de flores!
Deonilde Almeida
Enviar um comentário