A
União Progressiva da Freguesia do Colmeal que se encontra a comemorar oitenta e
cinco anos de vida regionalista, levou cerca de setenta participantes no
fim-de-semana alargado de 10-12 de Junho, a uma visita às Aldeias Históricas,
conforme programa já divulgado oportunamente neste espaço.
Castelo
Novo, que se ergue num esporão da serra da Gardunha, uma montanha povoada de
penhascos, foi a primeira aldeia histórica a ser visitada. Nasceu de um castro
lusitano e cresceu à sombra do poder romano, que ali fez passar uma estrada que
ainda hoje podemos pisar. A povoação guarda um característico ar medieval onde
as suas ruas se cruzam sem lei. Do castelo, que Gualdim Pais, mestre da Ordem
do Templo, mandou construir, há restos de muralhas e torres, particularmente a
sineira, hoje com cativante beleza, tal como a paisagem que daí de contempla. A
antiga Casa da Câmara é uma sumptuosa construção que remonta ao tempo de D.
Dinis (1290).




Depois
do almoço, continuamos por Idanha-a-Velha, uma florescente cidade romana desde
o ano 16 a.C., com um incalculável valor arqueológico. É um autêntico mar de
ruínas das cidades que se sobrepuseram no tempo até hoje, onde habitaram
lusitanos, romanos, godos, mouros, cristãos e portugueses. A aldeia
requalificada como histórica mostra-nos espaços recuperados da sua vida ainda
próxima, como por exemplo, o lagar de Vara, de onde o azeite correu e torres,
portas recuperadas da muralha e os seus muros, a ponte de três arcos feita no
séc. I ou a catedral.










Monsanto,
que Fernando Namora, numa elucidativa metáfora considerou “uma nave de pedra
suspensa dos céus vogando contra o vento da História que há milénios a
atravessa”, foi a paragem seguinte. Chamada a «aldeia mais portuguesa de
Portugal» tem uma fantástica relação entre o mundo dos homens e da Natureza,
que tanto se nota no seu castelo onde se confundem os muros feitos pelos homens
e as defesas naturais, como na aldeia da meia-encosta onde rochedos virgens se
constituem como muros ou chão de habitações, sendo também por vezes, lajes de
cobertura. É um traçado labiríntico de sobe e desce. Encontramos a igreja
Matriz refeita no séc. XVIII, o Cruzeiro, o Pelourinho e a Torre do Relógio.
Estivemos junto da casa onde habitou o médico-escritor Fernando Namora e
subimos ao castelo que Gualdim Pais levantou no século XIII. Perto da Torre do
Pião e da ruína da Capela de São João, existem várias sepulturas
antropomórficas. É soberba a vastíssima paisagem que é possível admirar.















Numa gentileza da Agência UNIK, um pequeno desvio permitiu visitar Penha Garcia, incrustada numa região fértil em vestígios pré-históricos e romanos. De um castro lusitano, terá resultado a actual povoação.
Foi-nos possível apreciar uma pequena exposição da Rota dos Fósseis, inserida no Geoparque Naturtejo e admirar, lá do alto, a barragem e os moinhos de água no rio Ponsul, numa paisagem de rara beleza.
Penamacor,
situada numa zona rochosa entre as serras da Gardunha e da Malcata, foi ponto
de descanso, para o jantar e dormida.
Sortelha
é uma «Aldeia Histórica», porque a sua história está toda dentro dela, ruas e
praças, casas de ricos e de pobres, templos e castelo através dos quais ecoa a
voz de quantas gerações a povoaram neste imemorial tempo. Castelo altaneiro e
vigilante com uma alcáçova alicerçada em rochedos e a larga cerca muralhada
rodeando a vila medieval, que foi importante com os primeiros reis e prosperou
no tempo manuelino. Entrando pela Porta da Vila deparamo-nos com o Largo do
Corro, a Casa dos Falcões, o forno comunitário, o Largo do Pelourinho e lá mais
no alto, a igreja Matriz. Passo a passo, num sobe e desce de calçadas e
escadinhas, em cada porta há uma história.
Continuando
por Sabugal e Rapoula do Côa alcançámos a vila fortificada de Almeida. Foi
castro, foi moura e cristã repetidas vezes, castelhana e portuguesa até 1297,
data do Tratado de Alcanizes, celebrado com D. Dinis.
Foi
um importante reduto defensivo do reino e quase inexpugnável com o seu traçado
poligonal, de uma gigantesca estrela de 12 pontas, rodeada por fundo e alargado
fosso de 2,5 km de extensão. O velho casario da vila ficou no seu interior. E o
Quartel das Esquadras e o de Artilharia. O Palácio do Governador, a Capela da
Misericórdia, a igreja Matriz e o Convento da Barca. Tanto para ver. Mas o
tempo não deu para mais.
Depois do almoço no
Hotel Fortaleza de Almeida rumamos a Castelo Rodrigo, nome cujas origens se
perdem num tempo anterior à nacionalidade. A cerca de muralhas tem 13 torreões
e forma cilíndrica e nela se abrem três portas. Um passeio pela antiga vila
permitiu-nos ficar a entender a sua história e ver as sugestivas ruínas do
Palácio de Cristóvão de Moura, um traidor segundo diz o povo, a torre do
relógio, o pelourinho, a igreja Matriz ou a cisterna.
E a tarde continuou.
Mas vamos ter que esperar para ver o resto.
UPFC
Fotos de A. Domingos Santos