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São os antigos textos históricos que nos vão aumentando a curiosidade e o conhecimento acerca dos nossos antepassados, cuja valiosa fonte tem sido obtida através da exaustiva pesquisa dos nossos historiadores e investigadores, sendo a sua divulgação quer literária ou informática a grande difusora.
Infelizmente nem sempre é possível obter tais conhecimentos – é o caso de Cadafaz sem qualquer sector de literatura disponível ou meios informáticos – inclusivamente até os testemunhos pessoais se têm deixado perder.
Mas… Cadafaz não foi nem é apenas um mito – o povoado existe e existiu – não foi por acaso o aparecimento das primeiras habitações no Codeçal – não foi por acaso a sua mudança ou seja a comunidade, para o local actual, nem sequer as ruínas de grandes casas que ainda conseguimos descobrir além dos muitos e dispersos terrenos de cultivo cujos socalcos tentam mostrar a obra humana tal como os soutos, os olivais e os muitos e variados engenhos que ajudaram a criar gerações. Por tudo isto temos de acreditar que também aqui a obra das gentes do povo rural foram de grande vulto. Diz-nos o historiador J. H. Saraiva no seu livro A História Concisa de Portugal – “não tem sido fácil o conhecimento das acções do povo por falta de documentação escrita. A totalidade do que se dispõe está ligada à Igreja e a propriedade, ou uma e outra, pois só o clero sabia escrever. Desde muito cedo tiveram os seus cartórios (estes já existiam no tempo do rei D. Afonso Henriques). Mas há vestígios que mostram que o povo desempenhou acções decisivas e de grande determinação.”
No entanto, as dificuldades parece que se vão atenuando e a investigação profícua, pelo que vamos tendo conhecimento de dados valiosos e interessantes. É o caso do pequeno resumo de texto que passarei a transcrever com o devido respeito ao seu autor Dr. José Tengarrinha, visto tratar-se de Cadafaz e Colmeal.
“Nas freguesias do Colmeal e Cadafaz, concelho de Góis, em 1777/1779, os agricultores recusaram-se apesar das ameaças e intimidações, a satisfazer excessivas e arbitrárias jogadas cobradas em cada triénio especialmente às pessoas mais pobres e exigidas pelos feitores do donatário da vila, conde de Vila Nova.”
Alguns anos mais tarde surge nova referência sobre as mesmas povoações.
“Nos lugares de Cadafaz e Colmeal, concelho de Góis, os agricultores resistiram colectivamente em 1782/1783 às exigências de maiores foros superiores aos determinados no foral feitas pelos contratadores das rendas do donatário de Vila Nova. Cadafaz teria de passar a pagar anualmente 50 alqueires de pão e Colmeal 32 e os rendeiros passaram a exigir 459 alqueires sem que as terras de cultivo tivessem aumentado. Os excessos de cobrança foram ao ponto de um tal João Moniz, por não possuir um alqueire de pão, lhe fizeram pagar a dinheiro 440 réis e a Luíz Braz 420 e a Manuel Simões 450 e a Sebastião Fróis 460 tudo no ano de 1782 em que os preços do trigo e centeio não tinham atingido tais níveis.”
A leitura destes textos e de outros que se passaram por todo o país, comprova qual a classificação e exploração do povo rural, não só do trabalho agrícola como dos bens monetários e humanos. No entanto, e actualmente as frases são diferentes “chiques e imperceptíveis” não referindo o povo da gleba mas sim o povo que continua a trabalhar e tenta viver a sua vida honesta, são estes que continuam a pagar, os foros… jogadas… fintas… etc. etc. tudo em nome de impostos.
Felizmente o povo é pacato e só se irrita quando o clube perde…
A. Silva
in “O Varzeense” de 30 de Maio de 2010
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