Na primeira página do número 60
do jornal “O Colmeal”, de julho de 1965, em relação às festas de verão, no
Colmeal, em honra do Senhor da Amargura, dizia-se: “embora um pouco mais
cedo em relação ao costume, esperamos, todavia que os colmealenses, espalhados
por este Portugal, não faltem com a sua presença sempre notável e quase
imprescindível. A nossa festa será o que os colmealenses quiserem. […] À
semelhança dos anos anteriores esperamos que não faltem as ofertas coletivas.
Mas trazer a oferta não basta. É alguma coisa, mas não é tudo. É necessário que
haja interesse por ela. Não faltemos. Não esqueçamos o Senhor da Amargura, para
não sermos esquecidos.”
A antecipar a festa, logo na
sexta-feira, dia 1 de agosto, viveu-se, no Largo da Fonte, um bonito encontro
de gerações, com a visita que utentes do Lar da Sagrada Família, da Cáritas
Diocesana de Coimbra, fizeram à sua terra – o Colmeal – dando o seu contributo
para a festa através da confeção de flores de papel para enfeitar o palco.
Respondendo ao repto lançado pela
direção da UPFC, o Lar da Sagrada Família gentilmente colaborou na iniciativa,
facultando a deslocação da D. Maria do Carmo, da D. Manuela, da D. Maria Eugénia e da D. Maria de Lurdes,
acompanhadas por funcionários do lar.
Um momento marcante deste
encontro foi a presença de quatro gerações da família do saudoso regionalista
colmealense Fernando Costa: esposa, filhas, netos e bisneta.
No sábado, após a abertura da
quermesse, este ano com prémios especiais para a pequenada, e do já célebre
Mordafoca Bar, ao fim da tarde, a imagem do Senhor da Amargura foi levada em
procissão, presidida pelo Padre Orlando, da capela das Seladas para a igreja
matriz do Colmeal, cumprindo uma tradição centenária.
À noite, foi assegurado, com
muito êxito, o serviço de caldo verde e bifanas, jogou-se o jogo do prego e, na
parte musical, o espetáculo proporcionado pelo acordeonista Carlos Nogueira animou
muito os colmealenses, amigos e forasteiros presentes, a que se seguiu o do grupo
Doutor e os Aflitos, cuja atuação se prolongou pela noite dentro.
Na manhã de domingo, a Banda Filarmónica
da Associação Educativa e Recreativa de Góis, após o seu desfile pelas ruas do
Colmeal, dirigiu-se à igreja matriz, onde acompanhou a santa missa, celebrada pelo
Padre Orlando, em honra do Senhor da Amargura.

Na procissão realizada após a
celebração, seguia à frente a imagem do Mártir S. Sebastião, padroeiro da
paróquia desde a sua criação, em 16 de novembro de 1560, sendo seguido pelas de
Nª. Senhora de Fátima, Santo António, Sagrado Coração de Jesus, Nª. Senhora das
Necessidades e, por último, do Senhor da Amargura, percorrendo as sinuosas ruas
da aldeia, acompanhadas por numerosos fiéis que, apesar do sol abrasador,
quiseram marcar presença.
À noite, dando continuidade à
feliz experiência do ano passado, foi tempo de dar palco e tempo aos que
quiseram partilhar a sua voz no concerto de karaoke, e muitos o fizeram
com grande brilhantismo, proporcionando um agradável espetáculo, que culminou
com a atuação da equipa organizadora.
No último dia da festa, iniciado
com a procissão da imagem do Senhor da Amargura, da igreja matriz para a sua
capela, nas Seladas, decorreu o já tradicional churrasco, assegurado pelo Zé
Nunes e pela Ana, inicialmente previsto para o Largo da Fonte mas que, devido
ao intenso calor que se fazia sentir, foi servido a todos os que se quiseram
associar no Centro de Cultura e Convívio e nas suas traseiras, no que
constituiu um momento importante de reencontro e confraternização da família
colmealense.
Momento alto do convívio foi o
concurso da melhor sobremesa, onde, para além dos vencedores, escolhido por um
júri que integrava o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Góis, que nos
honrou, mais uma vez, com a sua presença, saíram a ganhar todos os que se
deliciaram com os magníficos doces a concurso.
E assim, uma vez mais, como dizia
o excerto inicial, “a nossa festa [foi] o que os colmealenses [quiseram]”.
Enquanto houver memória, afeto e vontade de manter vivas as tradições do
Colmeal, a UPFC continuará a lutar pela preservação dessa identidade partilhada
— unindo passado e futuro em nome da terra onde tudo começou.
Agradecemos a todos os
colmealenses e amigos do Colmeal que tornaram possível a realização da festa
deste ano, bem como aos que nos apoiaram, em particular a Junta da União de
Freguesias de Cadafaz e Colmeal, a Câmara Municipal de Góis, o Góis Moto Clube,
o José e a Ana Nunes e os supermercados Rui & Dinora.
A Direção