17 dezembro 2016

FERNANDO COSTA NA REVISTA ARGANILIA



Conforme noticiado, acaba de sair um número da Revista Arganília dedicado à imprensa pampilhosense. Inclui um artigo sobre Fernando Costa, um colmealense que foi colaborador de “O Correio da Serra” e outros órgãos de comunicação regional e local.

Fernando Costa

Trata-se de um artigo muito interessante, da autoria António Domingos Santos, presidente da direção da União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC). Nele reencontramos Fernando Costa regionalista e jornalista – duas vertentes indissociáveis no seu percurso e ação -, mas igualmente a pessoa e, em breves referências, o autarca e o pintor. Encontrando, em simultâneo, de modo explícito ou implícito, a história do Colmeal e dos colmealenses, do regionalismo e da UPFC, das conquistas dos que o berço não bafejou e o que alcançaram foi lutando. Na realidade, um artigo muito denso e versátil sobre a versatilidade de Fernando Costa, no amor e na dedicação com que se entregou à causa da melhoria das condições de vida na terra e na região onde nasceu. Procurando sempre a superação e a valorização cultural. Dizia-me, um dia, com a irreverência e o inconformismo que lhe eram conhecidos: “quando me envolvo em qualquer coisa, desde o regionalismo, à escrita e à pintura, é porque acredito em algo: ou acredito em mim próprio ou naquilo em que me envolvo”.

O artigo é fruto da experiência e de uma intensa pesquisa do autor sobre o espólio de Fernando Costa, sendo muito informativo e abrangente, na medida em que contempla aspetos biográficos, factuais e processuais, por exemplo, sobre o modo de escrever de Fernando Costa. Em relação às muitas fotografias que o ilustram, gosto particularmente da intitulada “Subindo a Rua do Carmo”, que mostra o nosso conterrâneo jovem, de pasta na mão, a subir a dita rua com o braço apoiado no ombro acolhedor de Maria do Carmo, sua esposa. 

No plano da forma, o estilo é apelativo e cativante, suscitando o envolvimento emocional e a visualização das situações. Quando o autor diz “Preparava-se para abandonar a fase primitiva do gatinhar pelas escuras tábuas do sobrado” (p. 157), eu vejo, ouvindo receosa o ranger das tábuas, Fernando Costa menino prestes a despedir-se triste da casa que o viu nascer; quando fala da “sua estafada máquina de escrever” (p.186), eu sinto comovida o protagonista cansado de tanto labor e empenho, prestes a regressar, insatisfeito e algo desiludido. Finalmente, diria que o trabalho evidencia ter sido elaborado por alguém que acompanhou a trajetória do amigo e companheiro, do regionalismo e da sua evolução. E que conhece bem a cidade de Lisboa e os seus recantos, como aquele largo “com a estátua do poeta zarolho mas de enorme visão” (p. 160) ou o bulício dos bairros antigos, nos distantes meados do século passado.

António D. Santos

Com o artigo agora publicado, António Domingos Santos presta homenagem a Fernando Costa – imagino que em seu nome pessoal, da UPFC e de todos nós –, contribuindo para o reconhecimento da sua personalidade e ação cívica; ao mesmo tempo, escreve, como disse antes, a história do Colmeal e das suas gentes, elevando a autoestima e engrandecendo o respetivo património cultural.

O destaque que a Arganilia confere ao artigo, mencionando-o com fotografia na capa, é muito prestigiante, atestando a relevância do papel de Fernando Costa e do artigo de António Domingos Santos em si próprio. Parabéns pela pesquisa, pelo trabalho e pela preocupação de preito e registo da memória, cimento identitário do presente e do futuro. Obrigada pela generosidade. 

Lisete de Matos
Açor, Colmeal, Dezembro de 2016

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