«A história de um país, ou de uma
simples comunidade, como a nossa freguesia, constrói-se com factos», (in
«Jornal de Arganil», 2/12/76).
Sendo
os regionalistas colmealenses apologistas da estrada da serra para o Colmeal
sair da Selada do Braçal, passar ao fundo do Carvalhal em direcção à ponte
sobre o rio Ceira, porque saiu do Rolão?
Pura
e simplesmente por embirração do técnico que, em face da insistência correcta e
lógica dos regionalistas, lhes retorquiu: «ou sai do Rolão ou não sai de lado
nenhum».
Para
se iniciar a abertura da trincheira, autêntico aborto que nada dignifica quem
elaborou o projecto, e continuar a estrada, teve a colectividade de contrair
empréstimos vários. Tais empréstimos levaram três dezenas de anos a amortizar,
sendo pagos mais de juros que o montante dos empréstimos contraídos. Os
dirigentes foram os fiadores.
Nesta
via de comunicação de 11 quilómetros e que levou 30 anos a concluir, despendeu
a União, só à sua parte, qualquer coisa como 300 contos, até 1947, além do
custo dos vários projectos parcelares.
A
partir dos anos cinquenta foi economicamente mais fácil em face do aparecimento,
no nosso país, das máquinas escavadoras. Até lá foi aberta a pá e picareta.
Entretanto
em 1944, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal, mandou elaborar o
primeiro projecto para ampliação do Largo da Fonte (Largo D. Josefa das Neves
Alves Caetano), no Colmeal. Igualmente nesse mesmo ano, foram subsidiados com
importâncias várias os abastecimentos de água a Sobral e Malhada, uma calçada
no Carvalhal, onde existia uma agremiação regionalista salvo erro com o mesmo
título da actual, e as estradas utilizadas pelo carteiro de Carrimá à lomba do
Soito e do Cabeço do Gato ao Açor.
Embora
entretanto a quantidade de associados tenha aumentado, continuava-se a
verificar que a maioria era da sede da freguesia. De algumas aldeias da
freguesia os poucos naturais que figuravam nos ficheiros da União Progressiva
da Freguesia do Colmeal eram ou por estar ligados ao Colmeal pelo casamento,
laços de família, ou serem familiares de um ou outro dirigente. Tal situação,
no respeitante a algumas povoações, ainda era flagrante em fins dos anos
cinquenta.
Continuava,
assim, a quotização a ser reduzida e os apoios económicos nas festas
regionalistas, com a finalidade de angariar fundos para execução de obras,
projectos, etc., serem quase nulos. Casos existiram em que semelhantes
organizações deram prejuízo. Esse prejuízo era suportado particularmente pelos
dirigentes ou «Comissão de Festas», quando existia.
Embora,
em vários aspectos, o regionalismo fosse uma força incontestada, tinha também,
igualmente, uma fraqueza. Um dos factores de fraqueza era e é, na realidade, o
que diz respeito à quotização dos associados, demasiado baixa, desactualizada,
insuficiente para as necessidades.
Para
concretizar os empreendimentos optava-se normalmente pela habitual e
tradicional subscrição, tanto em Lisboa como no estrangeiro. A subscrição era
mais ou menos correspondida, embora, nalguns casos isolados, os que mais podiam
menos ofertassem.
A
subscrição, cuja tradição se está perdendo, tinha também a vantagem de
consciencializar e alertar os conterrâneos para problemas que a todos dizem
respeito.
As
agremiações regionalistas em geral, e no caso concreto a União, foram fundadas
por núcleos de pessoas simples, ambiciosas, mas também idealistas que sentiam
ser preciso a criação de um organismo que fizesse ouvir a sua voz. Desse
idealismo e ambição apareceu, como mãe do regionalismo colmealense, a União
Progressiva da Freguesia do Colmeal. Como diz o povo a união faz a força.
Embora
em união e força sempre muito relativa, em relação a toda a freguesia, em 1942
foi efectuado projecto de novo lanço da estrada do Rolão ao Colmeal e do
Ventoso ao Soito.
Três
anos volvidos (1945), foi comparticipado o edifício escolar da Malhada. Tal
construção foi efectuada por administração directa da União Progressiva da
Freguesia do Colmeal.
Novamente
projecto parcelar da estrada do Rolão foi elaborado, agora do Vale das Giestas
ao Longo das Vinhas.
Como
os empreendimentos nem sempre eram comparticipados publicamente com a brevidade
ansiada, os levantamentos topográficos, nalguns casos, acabavam por ficar
desactualizados. Isto verificou-se com o projecto de ampliação do Largo,
calcetamento de ruas em Colmeal e estrada Ventoso ao Soito.
O
Largo exigiu novo projecto e a sua ampliação foi executada em 1961. Custou mais
o transporte dos paralelos, em carros de bois, do Ventoso ao Colmeal, que o
custo dos mesmos colocados pelo fornecedor no Ventoso. Foi mais um grande
encargo para a agremiação.
Trinta
e nove anos depois da primeira exposição aos CTT, foram em 1971 expedidas e
recebidas as primeiras encomendas postais na freguesia. Também por iniciativa e
responsabilidade da União Progressiva da Freguesia do Colmeal foi ampliada a
rede telefónica a toda a freguesia. O posto público telefónico inicial foi de iniciativa
da Junta de Freguesia e foi empreendimento bastante oneroso para a autarquia.
Em
1972 a União em colaboração com a Junta de Freguesia procedeu na Panasqueira à
captação de água para abastecimento público, e à sua condução até ao Colmeal.
Igualmente em colaboração económica mútua as duas entidades construíram novo
depósito e fontenário nas Seladas.
A
nível paroquial, ou seja em empreendimentos de utilidade pública de iniciativa
do pároco, também a União colaborou economicamente. Estão neste caso a ligação
Colmeal a Cepos, Centro Paroquial e Balneários e Rancho Folclórico «Serra do
Ceira».
Quando
do 40º aniversário a União Progressiva da Freguesia do Colmeal procedeu à
entrega de Diplomas a todos os associados com mais de 25 anos consecutivos,
mandou cunhar medalhas comemorativas e saiu uma edição especial de «O COLMEAL»
com 40 páginas (a maior de sempre). Desta edição, onde se descrevia
resumidamente a sua actividade de quatro décadas, foi enviado um exemplar a
todas as agremiações da Comarca. Porém, diga-se, a colaboração económica da
União para esta edição foi diminuta.
Com
a finalidade de servir melhor toda a freguesia (e não só) efectuaram os CTT,
por diligências da União, projectos vários (o primeiro quase há 20 anos) para
uma possível «estação dos Correios». Porém múltiplas e indesejáveis
circunstâncias tornaram inviável a sua concretização. Quando se colocam
interesses individuais, embora legítimos, acima dos colectivos, sai a
comunidade lesada. Foi o verificado.
Também
a União, por várias formas, foi uma das entidades a solicitar a electrificação,
e a ampliação da carreira de camionagem até à nossa freguesia, despacho de
mercadorias e, igualmente, o transporte de crianças para frequentarem em Góis
estudos superiores à instrução primária.
in Boletim “O Colmeal”,
Nº 168 – Dezembro de 1980
Arquivos
da União
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