26 outubro 2015

Se não foram mais longe foi porque não puderam! (V)


«A história de um país, ou de uma simples comunidade, como a nossa freguesia, constrói-se com factos», (in «Jornal de Arganil», 2/12/76).

Sendo os regionalistas colmealenses apologistas da estrada da serra para o Colmeal sair da Selada do Braçal, passar ao fundo do Carvalhal em direcção à ponte sobre o rio Ceira, porque saiu do Rolão?
Pura e simplesmente por embirração do técnico que, em face da insistência correcta e lógica dos regionalistas, lhes retorquiu: «ou sai do Rolão ou não sai de lado nenhum».
Para se iniciar a abertura da trincheira, autêntico aborto que nada dignifica quem elaborou o projecto, e continuar a estrada, teve a colectividade de contrair empréstimos vários. Tais empréstimos levaram três dezenas de anos a amortizar, sendo pagos mais de juros que o montante dos empréstimos contraídos. Os dirigentes foram os fiadores.
Nesta via de comunicação de 11 quilómetros e que levou 30 anos a concluir, despendeu a União, só à sua parte, qualquer coisa como 300 contos, até 1947, além do custo dos vários projectos parcelares.
A partir dos anos cinquenta foi economicamente mais fácil em face do aparecimento, no nosso país, das máquinas escavadoras. Até lá foi aberta a pá e picareta.

Entretanto em 1944, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal, mandou elaborar o primeiro projecto para ampliação do Largo da Fonte (Largo D. Josefa das Neves Alves Caetano), no Colmeal. Igualmente nesse mesmo ano, foram subsidiados com importâncias várias os abastecimentos de água a Sobral e Malhada, uma calçada no Carvalhal, onde existia uma agremiação regionalista salvo erro com o mesmo título da actual, e as estradas utilizadas pelo carteiro de Carrimá à lomba do Soito e do Cabeço do Gato ao Açor.

Embora entretanto a quantidade de associados tenha aumentado, continuava-se a verificar que a maioria era da sede da freguesia. De algumas aldeias da freguesia os poucos naturais que figuravam nos ficheiros da União Progressiva da Freguesia do Colmeal eram ou por estar ligados ao Colmeal pelo casamento, laços de família, ou serem familiares de um ou outro dirigente. Tal situação, no respeitante a algumas povoações, ainda era flagrante em fins dos anos cinquenta.
Continuava, assim, a quotização a ser reduzida e os apoios económicos nas festas regionalistas, com a finalidade de angariar fundos para execução de obras, projectos, etc., serem quase nulos. Casos existiram em que semelhantes organizações deram prejuízo. Esse prejuízo era suportado particularmente pelos dirigentes ou «Comissão de Festas», quando existia.

Embora, em vários aspectos, o regionalismo fosse uma força incontestada, tinha também, igualmente, uma fraqueza. Um dos factores de fraqueza era e é, na realidade, o que diz respeito à quotização dos associados, demasiado baixa, desactualizada, insuficiente para as necessidades.
Para concretizar os empreendimentos optava-se normalmente pela habitual e tradicional subscrição, tanto em Lisboa como no estrangeiro. A subscrição era mais ou menos correspondida, embora, nalguns casos isolados, os que mais podiam menos ofertassem.
A subscrição, cuja tradição se está perdendo, tinha também a vantagem de consciencializar e alertar os conterrâneos para problemas que a todos dizem respeito.

As agremiações regionalistas em geral, e no caso concreto a União, foram fundadas por núcleos de pessoas simples, ambiciosas, mas também idealistas que sentiam ser preciso a criação de um organismo que fizesse ouvir a sua voz. Desse idealismo e ambição apareceu, como mãe do regionalismo colmealense, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Como diz o povo a união faz a força.
Embora em união e força sempre muito relativa, em relação a toda a freguesia, em 1942 foi efectuado projecto de novo lanço da estrada do Rolão ao Colmeal e do Ventoso ao Soito.
Três anos volvidos (1945), foi comparticipado o edifício escolar da Malhada. Tal construção foi efectuada por administração directa da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Novamente projecto parcelar da estrada do Rolão foi elaborado, agora do Vale das Giestas ao Longo das Vinhas.

Como os empreendimentos nem sempre eram comparticipados publicamente com a brevidade ansiada, os levantamentos topográficos, nalguns casos, acabavam por ficar desactualizados. Isto verificou-se com o projecto de ampliação do Largo, calcetamento de ruas em Colmeal e estrada Ventoso ao Soito.
O Largo exigiu novo projecto e a sua ampliação foi executada em 1961. Custou mais o transporte dos paralelos, em carros de bois, do Ventoso ao Colmeal, que o custo dos mesmos colocados pelo fornecedor no Ventoso. Foi mais um grande encargo para a agremiação.

Trinta e nove anos depois da primeira exposição aos CTT, foram em 1971 expedidas e recebidas as primeiras encomendas postais na freguesia. Também por iniciativa e responsabilidade da União Progressiva da Freguesia do Colmeal foi ampliada a rede telefónica a toda a freguesia. O posto público telefónico inicial foi de iniciativa da Junta de Freguesia e foi empreendimento bastante oneroso para a autarquia.
Em 1972 a União em colaboração com a Junta de Freguesia procedeu na Panasqueira à captação de água para abastecimento público, e à sua condução até ao Colmeal. Igualmente em colaboração económica mútua as duas entidades construíram novo depósito e fontenário nas Seladas.
A nível paroquial, ou seja em empreendimentos de utilidade pública de iniciativa do pároco, também a União colaborou economicamente. Estão neste caso a ligação Colmeal a Cepos, Centro Paroquial e Balneários e Rancho Folclórico «Serra do Ceira».

Quando do 40º aniversário a União Progressiva da Freguesia do Colmeal procedeu à entrega de Diplomas a todos os associados com mais de 25 anos consecutivos, mandou cunhar medalhas comemorativas e saiu uma edição especial de «O COLMEAL» com 40 páginas (a maior de sempre). Desta edição, onde se descrevia resumidamente a sua actividade de quatro décadas, foi enviado um exemplar a todas as agremiações da Comarca. Porém, diga-se, a colaboração económica da União para esta edição foi diminuta.

Com a finalidade de servir melhor toda a freguesia (e não só) efectuaram os CTT, por diligências da União, projectos vários (o primeiro quase há 20 anos) para uma possível «estação dos Correios». Porém múltiplas e indesejáveis circunstâncias tornaram inviável a sua concretização. Quando se colocam interesses individuais, embora legítimos, acima dos colectivos, sai a comunidade lesada. Foi o verificado.

Também a União, por várias formas, foi uma das entidades a solicitar a electrificação, e a ampliação da carreira de camionagem até à nossa freguesia, despacho de mercadorias e, igualmente, o transporte de crianças para frequentarem em Góis estudos superiores à instrução primária.

in Boletim “O Colmeal”, Nº 168 – Dezembro de 1980
Arquivos da União

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