27 junho 2015

A União foi ver “As Jóias do Minho” – 2º dia – 1ª parte

Braga amanheceu já sem o bulício da noite joanina que a animara na véspera. Foi bem cedo o despertar porque a jornada assim o exigia. Viana do Castelo esperava-nos e a subida dos 650 metros no elevador de Santa Luzia, em poucos minutos nos fez ultrapassar o desnível de 160 metros sem qualquer cansaço. Construído por iniciativa de um empresário e engenheiro portuense, Bernardo Pinto Abrunhosa, foi inaugurado em 1923 e funciona em sistema de contrapeso, isto é, a carruagem que desce ajuda a puxar a que sobe e cruzam-se exactamente a meio do percurso.








Quem subiu ao zimbório do Templo-Monumento de Santa Luzia (houve pernas que se queixaram dos degraus…) teve oportunidade de lá do alto poder contemplar um cenário arrebatador, que foi considerado pela National Geographic Magazine como o 3º mais belo panorama do mundo. No nosso olhar o rio Lima a correr para o Atlântico, o verdejante complexo montanhoso, o salpicado das casas e a alegria das ruas e das suas gentes.









O Santuário ou Templo-Monumento evoca o nome de Santa Luzia, advogada da vista a quem, em 1882, o Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa recorre, numa capela que ali existiu, acometido de uma oftalmia. Já convalescido, institui a Confraria de Santa Luzia, como forma de gratificar a graça recebida, jurando tornar o local numa estância turístico-religiosa que se assumisse como um marco na região, aliando a natureza, a fé e a arte, da qual resulta o ex-líbris de Viana do Castelo.






Contudo, é ao Sagrado Coração de Jesus que o Templo-Monumento é dedicado. A sua devoção é posterior à de Santa Luzia, mas é ele que hoje guarda a entrada do templo, abençoando a cidade, o Minho e toda a Nação.
  




Miguel Ventura Terra, arquitecto, (Seixas 1866 – Lisboa 1919) concebeu um santuário românico-bizantino, adornado pelas três maiores rosáceas da Península Ibérica, cujos vitrais inundam o interior de cor e de luz. As obras de construção desenvolveram-se ao longo de meio século (1904-1959), contando também com a direcção dos arquitectos Magalhães Moutinho e Miguel Nogueira e do Mestre Emídio Pereira Lima.




A mestria, a devoção e o bairrismo corporizaram um dos mais emblemáticos edifícios do Minho, e um dos mais belos locais de Portugal.

“Quem abala de Viana,
Leva do peito Agonia…
O Lima, a correr no sangue,
Nos olhos, Santa Luzia!”
(Maria Emília de Vasconcelos)


A Ponte Eiffel localiza-se sobre o rio Lima e já próximo à sua foz. Remonta a uma primitiva ponte de madeira. Com projecto da casa Gustave Eiffel, constitui-se numa ponte rodo-ferroviária metálica que foi inaugurada em 30 de Junho de 1878 por Fontes Pereira de Melo. Esta via permitiu a chegada do caminho-de-ferro à cidade. Símbolo da arquitectura do Ferro em Portugal tem 562 metros de comprimento, dois pisos, o inferior ferroviário e o superior rodoviário.




Regressámos ao centro para conhecer um pouco mais desta bonita cidade minhota, com as suas esplanadas, comércio tradicional ainda muito presente e contemplarmos alguns edifícios característicos da “Art Deco, como é o caso da Pastelaria Dantas, onde tomámos café e nos deliciámos com a sua extraordinária doçaria. Esta pastelaria encontra-se no quarteirão de “Art Deco” e é um edifício apurado de traça modernista, o exemplar mais representativo deste estilo, onde se destacam o ferro artístico nas varandas, os elementos decorativos e o painel de azulejos policromados na fachada.



















Seguindo na nossa visita à bela cidade passeámo-nos pelo seu centro histórico onde na Praça da República se destaca o Chafariz quinhentista em granito construído em 1559 e decorria uma feira medieval. A Igreja Matriz que remonta ao século XV impressiona-nos pela sua majestade. Na transição do românico para o gótico, aspecto visível no pórtico, constitui um notável conjunto escultórico. Na decoração interior alguma talha barroca e retábulos neoclássicos. Nas imediações da Sé, são visíveis várias construções medievais, com realce para a chamada Casa dos Velhos, que constitui um belíssimo exemplar da arquitectura portuguesa da época da Expansão, à qual o desenvolvimento do burgo vianense está intimamente ligado.
















Antes de deixarmos Viana ainda nos foi possível assistir à cerimónia de inauguração de uma nova praça, a Praça do Eixo do Atlântico, onde agora está instalada a escultura “Gallaecia” de Xose Luís Otero, artista plástico galego. “Uma obra mitológica, escultura de testemunho social e histórico” que retrata a organização transfronteiriça – Eixo Atlântico, composta por 34 cidades portuguesas e galegas.







A. Domingos Santos
Fotos e composição do texto


2 comentários:

Anónimo disse...

---Parabe'ns.!!!

Tanto a pormenorizada descric,a'o como a excelente fotografia, criam em no's um "ardente" desejo de voltar a visitar o deslunbrante Norte de Portugal!

Obrigado pelo excelente trabalho!!!


Armando Almeida

Abílio Silva disse...

As “Jóias do Minho”, há semelhança das visitas anteriores, foram uma ótima viagem, para conhecermos melhor todo o manancial de monumentos, espaços verdes e outros elementos que podemos encontrar e descobrir por este nosso País, de beleza inexcedível.

Obrigado a quem proporcionou estas aventuras.

Um abraço
Abílio Silva