Na passada
quinta-feira, 18 de Junho, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal, tal
como havia sido programado, foi apreciar “As Jóias do Minho” com cerca de seis
dezenas de associados e seus familiares.
Em Sete Rios
comprovou-se uma vez mais a pontualidade dos nossos companheiros de viagem. De
realçar o tempo agradável, por vezes com um pouco mais de calor, com que S.
Pedro brindou o grupo durante os quatro dias.
A passagem na Invicta
foi pacífica e deu mesmo para uma fotografia ao “Dragão”.
Continuámos por Póvoa
do Lanhoso para visitar a nossa primeira jóia do Minho, o “Museu do Ouro”.
O Museu do Ouro de
Travassos é um espaço que pretende reflectir e promover a identidade de uma
comunidade ligada ao trabalho do ouro, desde tempos ancestrais. O Museu resulta
dos esforços de um ourives de Travassos, Francisco de Carvalho e Sousa, que –
ao longo de cinquenta anos de actividade – foi recolhendo objectos de ouro,
utensílios, mobiliário e bibliografia relativa á arte.
O Museu do Ouro está
instalado numa antiga oficina de ourivesaria da Casa de Alfena (uma casa
solarenga do século XVIII hoje convertida numa unidade de Turismo de Habitação)
e faz parte de um conjunto de oficinas, a mais recente das quais data de 1742.
Travassos é uma
«aldeia-oficina» que se localiza nas margens do rio Ave, junto à Albufeira da
Andorinha, na qual quase todas as famílias estão ou estiveram ligadas à
actividade da ourivesaria e onde se afirma – com base num saber contado – que
«aqui nasceu a ourivesaria em Portugal».
Apesar da crescente
industrialização do trabalho do ouro, persistem ainda cerca de quatro dezenas
de oficinas tradicionais. São bem visíveis, por toda a freguesia, as amplas
janelas quadrangulares, voltadas a Sul, para um melhor aproveitamento da luz
natural, tão necessária ao minucioso trabalho da filigrana.
Prosseguimos para o
Parque Nacional da Peneda-Gerês onde fomos almoçar no restaurante da Pousada
tendo como pano de fundo uma espectacular paisagem sobre a barragem da
Caniçada, em pleno rio Cávado.
O Parque, criado em
1971, integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas, gerida pelo Instituto de
Conservação da Natureza, da Biodiversidade e das Florestas. Tem o estatuto de
Parque Nacional (a única área protegida em Portugal com esta classificação) por
possuir ainda ecossistemas relativamente extensos e pouco alterados pelo Homem.
É considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera. Possui uma grande
biodiversidade e valores naturais de interesse para a conservação. Ocupa uma
área de cerca de 70.000 hectares, distribuídos por cinco concelhos; Melgaço,
Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Montalegre.
Geograficamente abrange
o Planalto de Castro Laboreiro e o Planalto da Mourela, com as serras da
Peneda, Soajo, Amarela e Gerês entre os dois.
Tem uma forte presença
humana, sendo habitado por cerca de 9.000 pessoas. A agro-pastorícia, outrora a
principal fonte de rendimento das famílias, dá agora lugar a novas actividades
económicas com enfoque para o sector turístico, patrimonial e cultural.
O Parque Nacional da
Peneda-Gerês localiza-se numa região montanhosa acima dos 700 metros, atingindo
os 1.545 metros de altitude na Nevosa (serra do Gerês). O território apresenta
uma geodiversidade muito relevante, resultante da sua história geológica,
iniciada há cerca de 400 milhões de anos. O relevo irregular e acidentado e a
morfologia granítica são das principais características deste território, sendo
frequentes na paisagem as medas, os borrageiros, as rochas em forma de
cogumelo, os tors, as bolas graníticas, as pias, entre outras formas
geológicas. Nos cumes das principais serras existem vestígios deixados pelos
glaciares. Destacam-se também os inúmeros vales e corgas que albergam uma densa
rede hidrográfica. A diversidade mineral é também significativa tendo o
estanho, o volfrâmio, o berilo e o ouro já aqui sido explorados. As
características únicas da água que brota das nascentes permitem utilizá-la para
fins medicinais e como água de mesa.
A flora do Parque
Nacional é um verdadeiro tesouro botânico onde muitas plantas são endémicas. Os
carvalhais, os bosques ribeirinhos, os pinhais, as turfeiras e os matos são
alguns dos habitats mais importantes ou característicos deste Parque. Há também
um importante valor faunístico, com espécies emblemáticas como o corço, símbolo
do Parque Nacional, o lobo ibérico e a cabra montês que apresenta uma população
em crescimento depois de ter sido considerada extinta nos finais do século XIX.
Uma grande diversidade de espécies assinala-se na avifauna, embora muitas aves
sejam migradoras. Das espécies associadas aos cursos de água e meio ribeirinho
temos as trutas de rio, a lontra, a toupeira de água entre outras.
A arte rupestre é igualmente
uma marca importante de um passado remoto bem como as grandes necrópoles
megalíticas. Da ocupação pré-romana ou da presença romana ficaram vestígios de
vários equipamentos, como uma via romana em excepcional bom estado, os marcos
miliários em apreciável quantidade e as ruínas de pontes sobre rios caudalosos.
Dos tempos medievos evidenciam-se os grandes castelos, como o de Castro
Laboreiro e o de Lindoso, mas também a religião marcou o seu lugar, sendo o
Mosteiro de Santa Maria das Júnias, um dos melhores exemplos.
Outras construções mais
recentes somam-se à paisagem milenar, criadas pelo homem de forma engenhosa
para resistir às agruras da serra. Os fojos, os espigueiros, os moinhos, os
fornos comunitários, as levadas, as calçadas e os abrigos de pastores são
alguns exemplos e marcas do espírito de comunitarismo e entreajuda que
caracterizam as comunidades serranas.
Uma paragem em São
Bento da Porta Aberta para visita ao Santuário.
O culto a S. Bento, em Rio Caldo, deve a sua origem à influência dos
monges de Santa Maria de Bouro. Em 1640, é construída a primitiva ermida, numa
pequena elevação. Segundo a tradição, esta possuía um alpendre, como a maioria
das capelas do alto dos montes, e tinha sempre as portas abertas, servindo de
abrigo a quem passava, daí lhe terá advindo a designação de S. Bento da Porta
Aberta. O actual Santuário é recente. Iniciou-se a sua reconstrução em 1880 e
concluiu-se em 1895. São dignos de realce os painéis de azulejos da capela-mor,
que mostram a vida de S. Bento, assim como o retábulo de talha coberto a ouro.
Devido ao aumento do número de peregrinos, em 1998, foi inaugurada a actual
Cripta.
De 10 a 15 de Agosto realiza-se, por tradição, a grande
romaria a S. Bento da Porta Aberta em que milhares de peregrinos acorrem
ao Santuário para cumprir as suas promessas.
Depois rumamos a Braga
para jantar e dormir. Nas ruas profusamente engalanadas e iluminadas havia
movimento e animação. Decorriam os festejos de São João.
A.
Domingos Santos
Fotos
e composição do texto
4 comentários:
Que maravilha de reportagem!!! Até vi coisas pelas fotos que não reparei no local... Quem tem "olhinhos" é que vê... parabéns!!!
Muito e muito obrigada,
Margarida
Foram, de facto, quatro dias muito bons. Um viagem bem organizada, como a UPFC já nos habituou, e um grupo fantástico. Venha a próxima.
Abraço
António Almeida
Foi uma jornada de 4 dias fantásticos.A camaradagem entre todos, as belezas do Minho, a boa alimenntação e as excelentes explicações da nossa guia, que é sabedora da nossa história, nomeadamente na parte religiosa.
Bem haja à organização.
M. Lemos
Obrigado pela linda reportagem com tantas bonitas fotografias. Este pequeno país à beira-mar plantado ainda tem muitas coisas boas para ver. Bem haja quem as divulga.
Um abraço amigo
Richard Goldschmidt
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