08 fevereiro 2012

Idosos vivem sozinhos


Em Portugal, há 400 mil idosos que vivem sozinhos – revela o Instituto Nacional de Estatística.
Os resultados do último Censos, de 2011, indicam que há 2,023 milhões de pessoas com mais de 65 anos a residir em Portugal (ou seja, cerca de 19% da população total). Destas, cerca de 60% vive só: 400.964. E se tivermos em conta que há ainda 804.577 idosos que vivem em companhia de outras pessoas igualmente idosas, o resultado global – um milhão e 200 mil idosos – é que 19% da população vive nestas condições.

Em termos globais, salienta ainda o INE, o total de idosos que vivem sozinhos ou na companhia de outros aumentou 28% nos últimos dez anos. «O aumento da esperança média de vida, a desertificação e a transformação do papel da família nas sociedades modernas terão, certamente, contribuído para explicar as mudanças observadas e as diferenças que se verificam entre as regiões» -- salienta o INE.
Um terço dos idosos encontra-se na região Norte, seguindo-se as regiões Centro e Lisboa.

Para combater a solidão, são cada vez mais os idosos que cedem quartos nas suas casas. Os anúncios sucedem-se na internet, numa tentativa de encontrarem quem com eles converse ou os possa ajudar se tiverem um problema de saúde sem que para isso tenham de pagar um serviço. Muitos são incentivados pelos filhos e, em troca de companhia, oferecem um quarto gratuito.

Num Portugal cada vez mais envelhecido (há 129 idosos para cada 100 jovens), quase um quarto das pessoas na terceira idade vivem completamente sós. Um problema que se agudiza nas grandes cidades onde as redes de apoio familiar e de vizinhança são mais frágeis.

As recentes notícias espelham esta realidade: muitos idosos foram encontrados mortos em casa em 2011, a maioria em Lisboa, revelou a PSP. E apenas no primeiro mês do ano, outros 20 já foram descobertos sem vida, dias ou mesmo semanas depois de terem morrido. O alerta às autoridades foi quase sempre feito por vizinhos. E chegou tarde demais.

«A solidão é um problema. Somos uma sociedade egoísta e não há respostas na comunidade que sejam alternativa aos lares», lamenta-se o filho de uma senhora com 94 anos de idade.

Para o sociólogo Villaverde Cabral «A descoberta de idosos mortos em casa é uma manifestação perversa do envelhecimento da população portuguesa, para o qual falta uma política integrada», defende o director do Instituto do Envelhecimento. «Deve ser criada uma Secretaria de Estado dedicada à terceira idade, que defina uma política e objectivos e os articule no terreno, aproveitando entidades já existentes», remata.

Retirado de Semanário Sol, Joana F. Costa, 2 de Fevereiro de 2012

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