16 julho 2010

Radiotelescópio na serra do Açor

Nas cumeeiras da serra do Açor, um vulto branco marca agora a paisagem. É um radiotelescópio único no hemisfério norte, com nove metros de diâmetro, cuja principal missão será analisar emissões de microondas e de rádio com origem na Via Láctea. Integrado no projecto de cartografia das emissões galácticas (GEM) e contando com uma antena doada pela Portugal Telecom que já tinha estado na Base das Lajes, nos Açores, o engenho permitirá melhorar o estudo de pequenas variações do fundo cósmico que correspondem ao início da formação das galáxias, apenas 380 mil anos depois do Big Bang, que terá ocorrido há cerca de 13,5 mil milhões de anos. A informação será posteriormente integrada pela Agência Espacial Europeia no satélite Planck Surveyor. Com a participação de George Smoot, prémio Nobel da Física em 2006, e coordenado em Portugal pelo físico Domingos Barbosa, o projecto de astrofísica experimental está a ser instalado pelo Instituto de Telecomunicações de Aveiro em Fajão, no concelho da Pampilhosa da Serra, devido à quase ausência de contaminação por rádio no local. Graças à conjugação de apoios de diversas instituições, entre as quais a câmara local, o radiotelescópio terá a tarefa de cartografar a quase totalidade do céu setentrional, contando com uma antena “gémea” no Brasil. Além da relevância científica internacional, este projecto conta com tecnologia de ponta desenvolvida de raiz em Portugal, em particular o receptor, um dispositivo ultra-sensível que funciona a baixas temperaturas (196ºC negativos), de forma a reduzir as interferências electrónicas. António Luís de Campos in National Geography Portugal Nº 112 – Julho 2010

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