08 setembro 2008

COLMEAL

A UNIÃO alia cultura ao seu aniversário
Vai ser já no próximo dia 21. Na comemoração de mais um aniversário, a União Progressiva da Freguesia do Colmeal vai de novo introduzir um pouco de cultura nos seus setenta e sete anos de um longo percurso trilhando os caminhos do regionalismo. O ano passado fomos conhecer uma das sete maravilhas de Portugal – o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, classificado com Património Mundial pela UNESCO e que está considerado como sendo o monumento de maior importância na história da arquitectura medieval no nosso país.
Este ano iremos descobrir e apreciar, bem no coração do Ribatejo, o que a Casa dos Patudos, em Alpiarça, tem para mostrar aos Colmealenses. A casa projectada pelo arquitecto Raul Lino a pedido de José Relvas foi construída em 1905 e é, desde a morte deste, em 1929, um importantíssimo Museu de Arte e ao mesmo tempo um Museu Monográfico, representativo da figura do seu fundador. José de Mascarenhas Relvas (1858-1929) foi uma figura notável da vida política e diplomática portuguesa do período da Primeira República, em que se destacou como ministro, embaixador e como homem de espírito superior. Sendo dotado de um particular gosto artístico foi também um violinista notável, registando-se actuações suas no Real Coliseu dos Recreios de Lisboa e, muito naturalmente, nos animados serões culturais que se realizavam em sua casa onde reunia amigos, artistas e intelectuais. Tem apenas vinte e quatro anos quando toma posse das casas agrícolas de seus pais, em Alpiarça, e dez anos mais tarde já é reconhecido como um afamado viticultor. Com a fortuna acumulada pela exploração agrícola, avança na construção da Casa dos Patudos pela necessidade de maiores espaços face ao constante crescimento das suas colecções. Começa então a desenvolver a sua colecção de arte, que vai sendo aumentada e enriquecida nas muitas viagens que o levam através das capitais europeias, em leilões de colecções particulares ou em compras e trocas que faz em antiquários conceituados. A sua colecção de arte é reveladora de uma cultura singular, imbuída no espírito do coleccionismo do seu tempo, pelo que hoje, aqueles milhares de visitantes que passam pela Casa-Museu dos Patudos a consideram como uma das mais belas e elegantes casas portuguesas do século passado. José Relvas legou, por testamento de 1929, ano da sua morte, a quinta e praticamente todos os seus bens ao município de Alpiarça. Uma das “vontades” que deixou expressa no seu testamento era a de que a Casa dos Patudos fosse conservada como museu e este é considerado hoje, pelos especialistas, como o mais importante museu autárquico que temos no país. Percorrendo as suas salas encontramos obras de arquitectura, pintura e escultura. Também porcelanas, faiança, azulejaria, mobiliário, tapeçarias e os têxteis. Retratos de família, objectos pessoais e a sua biblioteca. Autores nacionais e estrangeiros, muitos deles mestres de referência em Espanha, Itália, França, Inglaterra, Holanda, Bélgica e Alemanha. Mas obras e autores da Índia, China, Pérsia e Japão podem igualmente ser apreciados nesta visita. De finais da Idade Média até princípio do século passado há vastíssimos motivos de interesse para prenderem a nossa atenção. Nos jardins que rodeiam o museu encontram-se algumas peças importantes. No andar térreo encontraremos duas salas temáticas – a Sala Carlos Relvas e a Sala de Arte Sacra. A escadaria, forrada a azulejo, leva-nos ao primeiro piso, às salas dedicadas à família Relvas. Quadros Malhoa, mobiliários dos séculos XVII e XVIII, Companhia das Índias, Arraiolos e diversa pintura setecentista. Depois, as Salas da Música, das Colunas, de São Francisco e dos Primitivos. Seguem-se as Salas Romântica, Silva Porto e Galeria Verde onde têm destaque as escolas francesas, inglesa e portuguesa. Na Sala das Aguarelas, entre outras, obras de Alberto Sousa e Roque Gameiro e cerâmicas de Rafael Bordalo Pinheiro. Importante o acervo, sobretudo de peças de porcelana e faiança, com que nos deparamos nas Salas de Jantar e Renascença. Na Biblioteca de José Relvas com mais de 4.000 volumes podemos observar também alguns dos seus objectos pessoais. No piso superior que antecede o sótão, ao tempo aposentos dos empregados internos, apenas se encontra aberto ao público o conjunto da antecâmara, quarto de dormir e de vestir, de José Relvas. Ao privilegiarmos de novo a cultura nas comemorações dos setenta e sete anos da União Progressiva, temos a certeza de estarmos no caminho certo. Não esqueceremos nunca os tempos difíceis e árduos dos nossos antecessores na luta e na conquista de benfeitorias tão necessárias às nossas terras e às nossas gentes. Venha connosco, porque vai gostar de visitar a Casa-Museu dos Patudos. Nós já o fizemos e vamos repetir. E depois, não se esqueça de que iremos passar uma excelente tarde de convívio na Quinta da Feteira. Almoço, lanche, música ao vivo e bar aberto. E muitos amigos para ver, rever e pôr a conversa em dia. Venha, porque vai valer a pena! Lisboa, 31 de Agosto de 2008 Pela Direcção da UPFC A. Domingos Santos

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho acompnhado o vosso percurso e as notícias que vão publicando.
É interessante ver uma colectividade ou comissão de melhoramentos a pugnar pela cultura e a levar os seus associados a visitar belos espaços, que felizmente ainda temos pelo país fora e que merecem um olhar atento.
Continuem pois estão no bom caminho.