21 fevereiro 2008

ESTÓRIAS DO COLMEAL (VI)

E... FORAM FELIZES PARA SEMPRE!!! Brian acordou. Encontrava-se deitado, debaixo de uma Oliveira. Que Oliveira tão linda! Oliveiras assim, só no Colmeal se encontram, com folhagem miudinha, de uma cor verde única. Uma folhagem bem fechada, como a preservar a Paz que simboliza. Sentiu o cheiro da terra, ainda molhada com o orvalho da madrugada – um orvalho cheio de mistério! Tão brilhante, formado por gotas que pareciam pérolas. Pérolas que pareciam ter saído dalgum colar, do pescoço de uma bela Dama... Levantou-se, olhou à sua volta e pensou “que sorte, viver num sítio tão belo”; “que sorte a dele, poder apreciar a Natureza à sua volta, assim em paz” (sem ninguém a perturbá-lo). Ouviu um ligeiro “sussurrar”: era o vento, um vento a acariciar-lhe o rosto - um vento que parecia murmurar, baixinho, palavras de amor... Deslizou o olhar até ao rio... ainda se via o nevoeiro... ”Poderia haver espectáculo mais lindo do que aquele?” - O Nevoeiro, beijando suavemente as águas do rio, como um manto de algodão doce, ou... como um “monte de farófias” (ele era guloso!). Aquele nevoeiro já não iria subir (já não iria “levantar-se”). O céu estava azul, de um azul compacto, impenetrável. Aproximava-se um belo dia de calor! - O Nevoeiro deixar-se-ia envolver no seio das águas cristalinas do rio Ceira. O Sol, ainda escondido atrás dos montes, estendia já os seus raios - iluminando toda a paisagem - e afagou Brian, como num abraço ameno. Todo o seu Brilho, todo o seu Esplendor... viriam mais tarde – “O Sol do Meio-Dia”! - Que Sensação de Alegria! Quão maravilhoso! O espectáculo do NASCER DO DIA! ________________________________________ Brian, depois de respirar bem fundo e de encher o seu peito com aquele ar tão puro, tão leve, sentiu-se cheio de força, de ânimo, de vontade e decidiu dar início ao seu dia. Seria mais um dia com uma ida ao Colmeal, como habitualmente, onde estariam os seus amigos no “Largo da Fonte”, para... Claro... para mais um dia de diversões e conversações atrevidas! Luxos só para solteirões! Começou a descer o monte, em alegre correria. Chegou à Ponte, desceu até à beira-rio (como era seu costume), ajoelhou-se para lavar a cara com aquela água fresquinha e viu a sua imagem reflectida nas águas transparentes: - “Que estranho, a sua cara estava diferente... parecia arranhado. Também estava desgrenhado, com os cabelos em pé”. Só então reparou nas suas roupas: estavam um pouco rasgadas. E os seus braços tinham também alguns arranhões - Ele não era homem de brigas - Certamente, teria tropeçado na noite anterior, ao subir a Serra, depois de ter deixado os seus amigos, lá no Colmeal. Lembrava-se bem, de se ter deitado debaixo da oliveira... e de ter adormecido imediatamente. “E aquele medo das Bruxas que os seus amigos tinham sentido??!!” Sorriu-se, de certo modo constrangido. “Eles tinham ficado mesmo assustados”. Sorriu novamente. Porém... sentiu um Arrepio: lembrou-se de ter sonhado... a) Olhou outra vez para as águas do rio (que eram o seu espelho). Agora que se tinha lembrado do sonho, não conseguia esquecê-lo. Teria sido mesmo um sonho, apenas? Começou a ter uma sensação de Solidão, uma sensação de Vazio, bem no interior do seu peito: - “Ele estava Só”, “Ele vivia Só”, “Vivia apenas para os Bailaricos. Jantaradas. Festas e mais Festas”. Sentiu Novo Arrepio. “E o calor de uma Família? E a alegria de filhos, em redor de uma fogueira? E o AMOR de uma mulher...?” Subitamente, viu à sua frente aquela moça do Colmeal. Aquela moça de profundos olhos castanhos – olhos que faziam sonhar... sonhar com AMOR... sonhar com carinho, com partilha. Partilha da Beleza. Partilha da Natureza. Enfim... Partilha da Vida na Alegria e na Tristeza. - “Não! Ele estava a “deixar-se apanhar pelas Bruxas”. Não! Tudo não passara de um sonho! A moça, nem estava ali! Ele já estava a imaginar coisas!” - Retomou o seu caminho em direcção ao Colmeal. Ah! Lá estavam os seus amigos! Lá voltariam as conversas! Mas... desta vez, os seus amigos olharam-no de forma estranha: - “Porque não tinha aparecido antes? O que lhe tinha acontecido?” Perguntaram-lhe os amigos, com os olhos muito abertos, como se estivessem a olhar para um Brian diferente. Novo Arrepio – “Afinal, (explicaram-lhe os amigos, para grande espanto seu), ele estivera desaparecido durante vários dias, desde aquele episódio...” Eles nem queriam falar em pormenores. Mas Brian lembrava-se bem – ele tinha proferido as palavras misteriosas, para prender as... (nem ele próprio já queria pensar nisso...) E... naquele preciso momento, por ali passou... a moça dos olhos castanhos (ele estava a “vê-la”: esvoaçando sobre o algodão doce... sobre as nuvens... sobre o Rio...). Brian estremeceu, ele não queria acreditar. “E a sua liberdade? Teria sido mesmo um Sonho, somente… naquela noite... debaixo da Oliveira?” Sentiu uma força avassaladora que o impelia na direcção da moça. Correu para ela, como se “comandado” por alguma Força Superior. Não conseguiu resistir. Obedeceu. Frente a Frente, trocaram algumas palavras, e... olhares... olhares, que muito mais diziam do que milhões de palavras. Poucos meses passados, realizava-se um Casamento no Colmeal!!!! E... FORAM FELIZES PARA SEMPRE!!! _____________________________ Claro, se assim não tivesse acontecido, não estaríamos aqui e agora: - uns a “escrever estórias” - outros a ler, divertidos - outros a pensar: “Tenho de visitar o Colmeal... Sentir o cheiro da terra... Tocar nas águas do Rio Ceira... Sentir o vento na cara... Ouvir o seu silêncio, no alto da Serra... Entrar na Aldeia e perscrutar os Olhares das Gentes” Abraços de Ana, Badana, Rabeca, Susana _____________________________________________
Notas finais: That will shake the unmarried bachelors’ hearts. …It’s meet that the date of its passing I write, …She takes the pen while my head was troubled …The moment that she was writing the date, …From my dream I awoke and my eyes I cleared a) _______________________ b) A chrithfeadh a gcroí ins na críonnaigh aonta ...Bliain an achta so is maith é a scríobh dúinn …Glacann sí peann ‘is mo cheannsa suaite …An aga a bhí sí ag scríobh an data, …Scaras lem néal agus réidheas mo shúile a) “THE MIDNIGHT COURT” b) “CÚIRT an MHEÁN-OÍCHE”

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo belo texto com que estas quatro amigas nos presenteiam.
Qual delas será a moça de profundos olhos castanhos? a dona dos tais olhos que faziam sonhar? Vou estar atento e tentar perceber se também têm "encantos tamanhos", tal como na canção.
Continuem minhas amigas. A vossa maneira de escrever e de expôr o que vos vai no pensamento, está simplesmente uma maravilha.
Até à próxima.